quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

 Entre as muitas biografias que existem, acho louvável e porque não dizer, altruístico de minha parte indicar aos homens que se acham e que realmente são feios a biográfia do compositor, cronista e jornalista Antônio Maria. No livro, ora indicado, o personagem, por sair muitas léguas do padrão de beleza masculina apreciado pelas mulheres, resolveu aprimorar o que tem de melhor ou pior no ser humano, ele sempre dizia que "preciso de duas horas de papo para que as mulheres se esqueçam da minha cara". Maria, um notívago contumaz, era "o cara", tinha uma lábia que derrubava até avião, chegando ao ponto de ser um perigo para os homens casados, que diga o "pobre" Samuel Wainer que perdeu sua musa Danuza Leão para o nosso personagem. Então fica a dica de mais um livro sensacional que deveria ser lido por muitos, principalmente os feios.






terça-feira, 19 de janeiro de 2021

 Falando em boate Vogue, comecei a enveredar por um campo até então desconhecido por mim. Falar da noite do Rio de Janeiro sem te-la conhecido é muito difícil, pois estamos sempre sendo vitimas de erros, como foi o caso da postagem anterior em que coloquei a foto da Danuza Leão, dizendo que era a Nara Leão, erro esse que foi habilmente corrigido pelo meu futuro prefaciador, Tito Barata . Mas sim, voltando ao assunto, esse negócio de falar só das boates dos endinheirados e endinheiradas não cola, o legal mesmo é o bas fund. Pois bem, por trás da antológica Vogue, precisamente na avenida Prado Júnior, surgiu uma zona conhecida por seus inferninhos, prostituição e outras coisas mais. A PJ, como era chamada pelos íntimos, se caracterizou também por grandes prédios residenciais com minúsculos apartamentos, nos quais estudantes em início de carreira dividiam paredes com prostitutas, intelectuais e artistas em busca de um lugar ao sol. Em que pese a dicotomia sociais, isso não impediu que a alta sociedade frequentasse seus três quarteirões mais badalados que abrigavam os Clubes noturnos como La Conga, Sirocco e Mocambo que marcaram época e foram ícones da enturage carioca. Mas essas histórias não vou contar aqui, pois acho melhor vocês procurarem o livro do Ruy Castro, “A Noite do Meu Bem”, lançado pela Companhia das Letras, e ver como o negocio rolava. Se eu contar um pouquinho aqui, vai acabar perdendo a graça.





 Depois de ler pela terceira vez o livro do Ricardo Amaral (Voudeville), passei a me interessar ainda mais pela vida noturna, não por acaso, grande parte de minha vida era desperdiçada nas noites não dormidas. Minha mãe puta da vida com essa história de adolescente metido a notivago dizia, "gostas tanto da noite que vou de arrumar um emprego de guarda-noturno". Porra nenhum, ela queria mesmo era que eu fosse qualquer coisa, menos vagabundo, pois bem, seus sonhos se tornaram realidade, virei um advogado. Mas essa postagem não é para falar de mim, mas sim da noite e em especial do Rio de Janeiro. Lendo o livro com o jocoso titulo "Enquanto Houver Champanhe, Há Esperança", escrito por Joaquim Ferreira dos Santos, o qual faz uma biografia de Zózimo Braúlio Barroso do Amaral, ele não se furta em falar um pouco, ou melhor, muito do que rolou nas noites cariocas. Em determinada passagem, o livro fala de Joaquim Rolla, o cara que em uma mesa de baralho ganhou uma parte do Cassino da Urca. A jogatina rolava solta no Rio e com isso a noite carioca era um paraíso para os notivagos e para a economia, segundo consta, a jogatina empregava mais de 30 mil pessoas, mas como tudo que é bom acaba, em 1946 com a publicação do decreto-lei 9 215, de 30 de abril de 1946, assinado pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, a jogatina era extinta sob o argumento de que "o jogo é degradante para o ser humano". Dutra torpedeou a noite carioca, pois sem cassino, não tinha grana, sem grana não tinha show´s, sem show´s não tinha para onde os endinheirados se bandeiar nas noitadas. Com isso, formou-se uma legião de zumbis andarilhos nas noites cariosas sem ter para onde ir. Para salvação dos "walkind Dead da década de 40", em 1947 abrem-se as portas da boate Vogue, no terreo do Hotel Vogue, em Copacabana, local que se tornou ponto de convergência de todo o "high society" carioca. Com dois ambientes, um mais elevado reservado para os realmente endinheirados e o outro denominado de "sibéria", ou seja, um espécie de geladeira em que era destinado os quase, ou mais ou menos ricos daqueles tempos. O Vogue teve uma importância muito grande para as noites do Rio, pois a partir dele que o hábito de jantar fora tomou conta da sociedade carioca. Com uma inovação de restaurante e boate, os ricaços não precisavam mais dar a tal "esticada" no meio da noite, tudo poderia ser feito no mesmo lugar. Tal ideia, ou seja, esse mix, fora do austriaco Miximiliam von Stuckart, ex-funcionário do Copacabana Palace que conhecia mais do que ninguém o riscado das noites e das novidades, juntamente a ele, estava o chef russo Gregorie Berezansky, que nada mais, nada menos lançou o modismo gastronômico no Rio, sendo os idealizadores dos tão famosos pratos chamado e conhecido por todos como estrogonofe e do frango à Kiev. Foi por conta do Vogue que nasceu também do carioca comer feijoada nos sábados, pratica essa imitada por Ricardo Amaral e que se tornou um dos mais famosos eventos do empresário. Foi ali no Vogue que também surgiu o pianista austríaco Sacha Rubin, que posteriormente abriu sua boate chamada Sacha´s. A boate encerrou suas atividade de forma trágica, pois em 1955 houve um incêndio encerrando as atividades de um dos empreendimento mais emblemáticos das noites cariocas. Nas fotos a pista de dança lotada, a elegantíssima Nara Leão e o incêndio ocorrido em 1955. E como dizia o impagável Ibrahim Sued: "Ademã que eu vou em frente".







quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

 Entre as muitas boates que já abriram no Brasil duas pode-se de dizer que foram incomparáveis, Hipopotamus, do lendário Ricardo Amaral e o Regine´s da belga Régine Choukroun. Muitas histórias que fazem nossos olhos brilhar, contadas na biografia do jornalista Zózimo Barroso Amaral, escrita por Joaquim Ferreira dos Santos, com o inusitado titulo "Enquanto houver champanhe há esperança". O livro é simplesmente sensacional, pois conta a história do Rio de Janeiro, mais especificamente da alta sociedade do Rio de Janeiro. Sem a menor sombra de dúvida, para quem estiver interessado é uma grande pedida.









 Incontestavelmente a boate Studio 54 foi um marco na história das noites no mundo. Criada por Steve Russel, que no conceito de Ricardo Amaral em seu livro Voudeville, era "uma bichinha deslumbrada, arrogante, pegajosa, mas com um talento doido de lamber o saco de celebridades", e Ian Scharager. Embora tenha poucos anos de vida útil, pois a boate fechou depois dos donos serem presos, o Studio 54 criou uma séria de paradigmas que até então eram desconhecidos. No caso, foi a boate que soterrou de uma vez por todas a história de boate prive, também foi o clube qu inventou o profissional que posteriormente passou a se chamar promoter de festa. Muita gente nem imagina mas a mãe dessa profissão era a relações-públicas Carmem D´Alessio. Foi também no Studio 54 que a função de porteiro tomou outros contornos, surgiu a função conhecida como doorman, que a partir de então não se resumia a abrir e fechar postas, mas sim a prerrogativa de deixar ou não entrar na casa, profissão essa que atualmente ainda é muito utilizada, valendo ressaltar o caso da boate Berghain na Alemanha em que o porteiro, Sven Marquardt, um cara mal-encarado de barba grisalha com o rosto todo tatuado, barra literalmente todo mundo, dependendo de seu estado de humor. Na foto o dito cujo que mete medo só de olhar, imagine de levar um fora dela.




 A ideia de Paul Pacini pegou igual rastrilho de pólvora e, obviamente, chegou ao Brasil através do francês Conde Humbert Castejá. Castejá contratou outro francês, Philippe Planton, para desenvolver um dos maiores e mais poderosos sistemas de som que uma boate poderia ter, abrindo assim a primeira "discoteque" no Brasil chamada Black Horse, localizada na Avenida Copacabana, atrás do Copacabana Palace. Castejá, após o fechamento da Black Horse abriu a antológica boate Le Bateau, localizada em Copacabana, na Praça Serzedelo Correa, que não durou muito anos, porém fez muito sucesso lançando ícones da discotecagem como Ademir Lemos e o Big Boy. Entre uma das curiosidades, foi o disco da Le Bataou, com a imagem do Ademir Lemos na capa, considerado o primeiro disco mixado (ou emendado) do mundo, modelo de gravação que posteriormente foi utilizado no disco Never Can Say Goodbye de 1974, primeiro disco da Glorya Gaynor. na foto os frequentadores do Le Bateau.






 Não tenho a menor duvida que muita gente acha que a era disco ou melhor as discotecas começaram na década de 70, tipo nos Studio 54 ou Paradise Garagem, até então as mais famosas de todos os tempos. Sempre achei isso, mas como muitos, o engano era de uma profundeza abissal em relação a verdade. Quem realmente é o pai de tudo, da discoteca, das boates e etc., é o francês Paul Pacini. Em 1955 Pacine abriu seu negócio chamado "Whisky a Go Go", em Paris, no Boulvard Montparnasse e o negócio tinha como novidade o seguinte: o cliente comprova uma garrafa de whisky e deixava guardada em um armário no bar à sua disposição para ora que quisesse beber, pratica essa que se chamava "en garage". Em razão da concorrência, que era muito forte naquela área, Pacini começou a ter prejuízos e não ter grana para pagar os salários dos músicos. Depois de muito relutar, chegando a ponto de pensar em fechar as portas, teve uma ideia, instalou dois toca-discos interligadas por um interruptor de luz (o avô do mixador), com amplificadores conectados em caixas de som, eis que foi a partir daí que surgiu a primeira discoteca do mundo, batizada de "discotheque" em francês. O negócio deu tão certo, que em 1958 Pacine abril uma filial em Cannes em pleno Festival de Cannes. Os gringos ficaram tão loucos com a ideia que um empresário americano comprou o direito de usar o nome por U$ 10 mil e lançou em Los Angeles uma "Whisky A Go Go" (nascia a primeira franchising) na Sunset Boulvad. O gringo não se contentando, meteu também umas meninas para dançar, surgindo daí a expressão Go Go Girl. Eis aí como começou tudo.