domingo, 20 de novembro de 2016

Muito legal a reportagem Renato Fernandes para a Revista J.P de outubro de 2016 falando sobre Régine Choukroun. Mas vamos lá, abaixo a sensacional matéria em sua integra: http://glamurama.uol.com.br/regine-choukroun-a-rainha-dos-clubes-noturnos-nas-decadas-de-70-e-80/

Régine Choukroun, a rainha dos clubes noturnos nas décadas de 70 e 80



Sinônimo de festa, glamour e ousadia, Régine Choukroun imperou nas décadas de 1970 e 1980 com seus clubes noturnos Régine’s ao redor do mundo. Animou muito as noites do Rio, Salvador e São Paulo, multiplicando romances e até negócios.
Por Renato Fernandes para a Revista J.P de outubro de 2016
Em fevereiro de 1974, a majestade da noite de Paris Régine Choukroun aterrissa no Copacabana Palace para passar o Carnaval no Rio. Muitos bailes e samba na avenida (na época, ainda na Rio Branco). Embora não fosse a primeira, sua passagem pela cidade lhe rendeu poses para fotógrafos na Pérgula, muito bafafá, e o que poucos imaginavam: aqui, ela fez seus planos para investir no mercado brasileiro.
O poderoso editor Adolpho Bloch viria a ser seu principal padrinho. Também da colônia judaica, era ele quem comandava as grandes revistas de então, como Fatos e Fotos, Amiga e Manchete, publicação que acabou dedicando quatro páginas a Régine em março do ano de sua visita carnavalesca. Na entrevista a Manchete, a empresária – que comandava dois restaurantes em Paris, o New Jimmy’s e o Reginskaia, e o famigerado clube Régine’s – revelou detalhes de seu público, que não era fraco: “[Aristóteles] Onassis só bebe Coca-Cola e adora olhar os pés das pessoas, Marlon Brando é sofisticado, mas fingido. Brigitte Bardot não quer que o público a veja envelhecer. Sophia Loren está sempre representando um papel e faz isso muito bem”. No entanto, por de trás do glamour, ela nunca escondeu: ralava como poucas. Gostava de trabalhar na noite, se considerava notívaga, e nunca viajava de férias, apenas a trabalho. “Criar um clube é como criar um verdadeiro bebê. É preciso conceber, alimentar, vigiar e manter em boa temperatura”, disse ela em sua biografia Régine, Me Chame pelo Meu Nome.
Uma coisa é certa: em 1976, lança seus primeiros bebês internacionais: os Régine’s do Rio e de Salvador, ambos em sociedade com a rede hoteleira Le Meridien. No contrato, em que ela entrava com o nome, know-how, decoração e marketing, constava até quantas noites por ano ela deveria estar presente nas casas. Os sócios entravam com o capital. A especialista acompanhava tudo com rédeas curtas, cuidava pessoalmente da lista dos convidados e até dos serviços de cada garçom – ela inventou o cinzeiro no centro da mesa, com água por baixo, para que eles pudessem trabalhar mais, não tendo que trocar cinzeiros a cada instante. Até patenteou a ideia e se deu bem. Tinha entre seus amigos astros e estrelas. Sinônimo de noitada inesquecível era quando as pessoas recebiam convite com sua assinatura feita à mão, seguida por um “até breve”, como se despedia.

Do Limão à Caipirinha

Nascida em Bruxelas, filha de judeus poloneses, refugiada de guerra, conheceu pouco a mãe, que foi morar na Argentina. Seu pai, Joseph, narigudo, grandalhão e galanteador, foi quem ficou com Régine e seu irmão, Maurice. O vício em carteado acabou não permitindo que Joseph cuidasse dos filhos, que acabaram passando parte da infância em pensionatos.

Sonhava em ser princesa e estrela e conseguiu mais. Foi rainha da noite e também brilhou no palco, cantando. Vendeu milhões de discos e ganhou o importante prêmio francês Grand Prix du Disque.

Perfeccionista e com fama de exigente, pegava pesado no batente, em torno de 16 a 18 horas por dia, tudo para não passar as agruras do passado novamente: “Faço parte da raça das pessoas fortes, porque me fabriquei assim. Sofri muito quando criança, sofri com a guerra e decidi ser forte”, disse ela na entrevista da Manchete. “Paguei adiantado o meu preço de tristezas”, concluiu.

Aos 13 anos, perdeu a virgindade. Sempre pareceu ser mais velha do que era e fazia questão desse visual. Quando usava um penteado, levantava o cabelo alguns centímetros para isso. Sempre gostou de roupas esfuziantes, mesmo quando só podia tê-las na imaginação. Strass e boás era com ela mesmo. Aos 16, fez um pacto com a felicidade e a liberdade. Maridos, dois, filho, apenas um, Lionel. Do segundo marido, Roger, ganhou o sobrenome com o qual ficou famosa: Choukroun. Muitos a conhecem pelo sobrenome do pai: Régine Zylberberg.


Rio, Panteras e Fofocas

No Rio, em 1976, sua casa já era das mais badaladas. Situada no subsolo do hotel Le Meridien, no Leme, teve em diferentes momentos colaboradores como Danuza Leão, Katia Vitta e Claude Amaral Peixoto. Suas noites eram disputadas. A manequim Jane Bezerra relembra Régine a J.P: “Simpática, ela sempre chegava acompanhada de muitos amigos. Era uma mulher de negócios e suas festas de Carnaval no Rio ou em Salvador eram um escândalo. Fui em muitas”.

A loira de então, Monique Lafond era outra que gostava do Régine’s. Em 1981, bombando na capa da Playboy e na novela Coração Alado, de Janete Clair, era para lá que ela ia se divertir. “Todos iam. Artistas, alta sociedade e jet setters. Me lembro que, certa noite, saindo de lá o Chiquinho Scarpa me pediu uma carona. Ao entrar no meu carro, perguntou se era um Fusca e eu disse que sim. Ele me falou: ‘Não acredito, Monique Lafond tem um Fusca e eu estou andando de Fusca pela primeira vez’”, lembra Monique.

Outra loira que arrasava quarteirões era Vera Gimenez: “Lembro bem das noites da primavera e dos bailes de Carnaval que Régine produzia no clube. O mais interessante é que havia noites em que um lado da boate era o mais bacana, e ou outro não. Tínhamos de descobrir em qual iríamos ficar. A Lauretta [modelo], que trabalhou com ela, que inventou isso”, recorda Vera. A atriz Rose Di Primo emenda: “O Régine’s era tudo de bom. Era sempre lá e no Hippopotamus”. Foi na boate em questão que ela começou seu romance com Pedro Aguinaga, considerado o homem mais bonito do Brasil na época.

Entre outros frequentadores: Antonio Guerreiro com Ionita Salles Pinto e depois, com Sandra Bréa; Marlene Silva e o francês Alain Delon. As panteras do Ibrahim também adoravam o clube. Algumas festas de Carnaval não suportavam o tamanho da casa e Régine transferia a farra para o Canecão, caso da Le Cirque Fantastique, que recebeu gente como Joan Collins, Ursula Andress, Jane Birkin e Omar Sharif.


Régine, sempre profissional, nunca engoliu o prato preferido de alguns do high, os boatos e os mexericos. “A fofoca correu solta quando instalei como diretora do meu clube no Rio uma francesa magnífica… e negra! Ser recebida por uma pessoa negra era muito careta para certos cariocas. Mas ver essa pessoa recusar uma mesa ou mesmo a entrada, surpreendeu muitíssimo”, Régine fala de Lauretta da Martinica, que foi um dos ícones da casa e hoje mora em Paraty.

Guerra de Champanhe

Em janeiro de 1981, a revista Playboy com Denise Dumont na capa trazia a chamada “Ricardo Amaral x Régine, o Duelo dos Reis da Noite”, se referindo aos donos das boates mais importantes da época, Régine’s e Hippopotamus. A guerra borbulhante estava declarada. Em sua biografia Vaudeville: Memórias, Ricardo Amaral cita a concorrente mais de 15 vezes, algumas delas chamando-a de Tia Régine. Existe ainda uma reportagem na qual ele teria comparado a rede da belga, que chegou a ter 18 unidades ao redor do mundo, inclusive em Nova York, ao McDonald’s. A guerra entre os dois era fato e até saiu do território brasileiro, pois Amaral já conquistava Paris em ritmo de batucada com o Le 78, na Champs-Élysées.

Segundo o jornalista Geraldo Mayrink, os Matarazzo, os Scarpa, os Lacerda Soares, os Monteiro de Carvalho, os Gouthier, os Mendes Caldeira sempre estavam em um ou outro. “O Jorginho Guinle era o único que conseguia estar em ambos ao mesmo tempo”, escreveu ele certa vez.

O Régine’s paulista foi inaugurado em março de 1981 e o sócio era o empresário boa-pinta Naji Nahas. O investimento foi de US$ 3 milhões. Na festança de abertura da casa, um batalhão de famosos internacionais: Alain Delon, Mireille Darc, Ugo Tognazzi e Omar Sharif, amigo pessoal de Régine e Nahas. A boate era situada na avenida Faria Lima, mas desde o início passou por uma série de problemas, inclusive de zoneamento. Foi lá que a primeira-dama Dulce Figueiredo rodopiou nas pistas nos braços de Omar Sharif e as fotos pipocaram por toda a imprensa. Muita gente ia ao Régine’s, mas ele não vingou na noite paulistana como na carioca. “Não me lembro de ter ido ao Régine’s em SP e o clube estar lotado. O Gallery, da mesma época, era imbatível”, diz a advogada Maria Virginia Frizzo, que ia com a amiga Maria Leopoldina Splendore, filha de Maria Stella, ex-mulher do costureiro Dener. Maria Leopoldina ia vestida com criações do pai e pedia leite para tomar.

Derrocada

O RP da casa, Ovadia Saadia, trabalhou na filial paulistana do começo ao fim, no dia 14 de agosto de 1986. “Régine era uma dama de aço, com uma força espiritual intensa. Na noite de inauguração, fui fotografá-la dançando com Ugo Tognazzi e, no momento em que cliquei a foto, ela olhou firme em direção à lente e a câmera quebrou!”, ele conta. E se alguns diziam que o Régine’s paulista era cafona, Saadia rebate: “Era um lugar à frente de seu tempo”.

Lá, Julio Iglesias cantou com Amelita Baltar. Guncho Maciel era o promoter, e noites marcantes não faltaram. Certa vez, Chiquinho Scarpa chegou montado num tigre. O fato de a casa ter vários ambientes talvez fosse uma das razões do fracasso. “Você sai para ver e ser visto e isso impedia os que gostavam disso. Alguns colunistas massacravam a casa, e o Gallery reinava”, explica Saadia a J.P.

A promoter Vera Muller foi uma das responsáveis pela lista de convidados nos últimos suspiros da casa paulistana. A do Rio fechou em 1983 e reabriu de 1984 a 1987, mas quem frequentou lembra com mais saudade a primeira fase. “Régine tem mil vidas em uma. Sempre foi metida, insuportável e… fascinante”, completa Saadia.

Depois de sua passagem pelo Brasil, Régine viveu momentos marcantes, como a perda de sua coroa de majestade na noite, o falecimento de seu filho Lionel e a separação do segundo marido, Roger Choukroun. Viveu noites sem glamour, fez alguns procedimentos no rosto e hoje voltou a ser respeitada como cantora na França. Alguns ousam dizer que ela sonha em fazer um grande show no Rio e outro em São Paulo, e, se assim o for, fica aqui o desejo. Até breve, Régine."

Abaixo a capa da Revista Playboy de 1981 com uma matéria sobre a rivalidade dos reis da noite.


Outra matéria muito legal sobre o antológico Regine´s é a extraída do blog de  Alcyr Cavalcanti, abaixo transcrita em sua integralidade:

"REGINE'S: ONDE A NOITE ERA UMA FESTA




A boate Regine's ficava no subsolo do Hotel Méridien no Leme, Zona Sul do Rio de Janeiro. De inicio era um clube privée, o charme era ter uma carteirinha de sócio para poder frequentar a mais bela casa noturna que a cidade maravilhosa veio a conhecer. O jet-set nacional e internacional batia ponto de segunda a segunda na época da disco-music com o som inigualável de Amandio ou de Ferrugem, que manejavam as carrapetas para animar a festa. A noite fervilhava, eram os anos setenta, e muita alegria, garrafas e mais garrafas de Veuve Cliquot e de Moet et Chandon eram consumidas pela juventude dourada em festas que pereciam não ter fim. Mas veio um dia, ou melhor uma noite em que a casa caiu. Claudia Lessin Rodrigues, uma linda jovem povoada de sonhos foi brutalmente seviciada e assassinada em uma noite de embalo, que havia começado no Regine's em julho de 1976.


A bela jovem e seus acompanhantes eram frequentadores de carteirinha do Clube Privée. Claudia, fascinada pela alegria artificial foi levada para uma festa na Avenida Niemayer, onde o consumo de cocaína e outros estimulantes eram servidos "de bandeja". Seus acompanhantes eram figuras da noite internacional, Daniel Labelle sócio de Gunther Sachs Von Opel na Boutique Mic Mac na França, Georges Khour dono de um salão de beleza no Hotel Méridien e Michel Frank dono dos relógios Mondaine com sede na Suíça. Conheci Daniel Labelle em uma festa chinesa na casa de Ionita Guinle, que foi casada com Carlos Penafiel, perseguido pela ditadura, meu companheiro no Grupo Câmera de cinema. Na festa só havia dois jornalistas convidados, Rogério Carneiro e eu. Labelle era sempre convidado para festas das socialites do circuito Rio, São Paulo, Búzios, quando foi intimado a depor, voltou rapidamente para a França, Michel conseguiu ir para Suíça, mas Georges Khour foi preso e condenado embora as provas não fossem conclusivas. O laudo cadavérico foi mudado, havia muita gente fina envolvida e Claudia além de ter sido esganada, e seviciada foi atirada como um saco de lixo nas pedras da Avenida Niemayer, após a tentativa de jogá-la no mar. O corpo ficou preso nas pedras próximo ao Chapéu dos Pescadores, um platô frequentado por pescadores do Vidigal e da Rocinha. Eu trabalhava no Globo, estava no plantão da madrugada, todos os fotógrafos faziam um rodizio, exceto alguns "amigos de copo" do editor. Fui o primeiro a chegar, bombeiros estavam tentando tirar o corpo preso às pedras. Com o tempo a investigação chegou até o ponto inicial, a boate Regine's. A promoter da "boite de nuit" era a modelo Lauretta, de prestigio internacional, que tinha como uma das funções trazer pessoas de seu relacionamento para o Regine's. Era uma época em que os paraísos artificiais eram movidos à base de muita cocaína, um privilegio dos mais contemplados pela fortuna. A entrada maciça do "diabo ralado" ainda não havia acontecido, era um privilegio dos muito ricos. O "Caso Claudia Lessin" abalou as estruturas da maior e mais seleta casa noturna da cidade, a policia suspeitava da casa ser também um ponto de venda de drogas. Era necessário fazer alguma coisa, havia muito dinheiro envolvido, além do prestigio abalado, o Hotel era famoso em todo o mundo, pertencia também à companhia aérea Air France. Começou então a época de grandes atrações internacionais, para de novo fazer a noite do Regine's brilhar."


Na foto Cláudia Lessin Rodrigues assassinada em 1977 pelo empresário suíço Michel Frank, um milionário suíço-brasileiro supostamente envolvido com o tráfico de drogas. Acusado do crime, Michel fugiu para a Suíça, onde foi morto a tiros em 1989, sem nunca ter sido julgado. Segundo as investigações a noitada que acabou com a morte de Claudia começou no Regine´s.

Embora a morte de Cláudia Lessin tenha sido muito comentada na época, tal episódio não conseguiu ofuscar o brilho da boate e de sua dona.

Embora tenha se notabilizado por sua absoluta capacidade empresarial, a mesma também fez sucesso como atriz, cantora, escritora e etc.

Uma musica que muita gente andou escutando por aqui e nem imaginava que era da mesma foi a versão em francês da antológica I Will Survive. Regine fez a versão em francês com o nome Je Suvivrai, de 1979. Abaixo a capa do disco e o vídeo da musica.


A musica foi relançada em 2009 na coletânea Régine Duet´s.



https://youtu.be/jhFU16MEtR4


Uma vida devotada a arte e a noite.



Muito legal a reportagem Renato Fernandes para a Revista J.P de outubro de 2016 falando sobre Régine Choukroun. Mas vamos lá, abaixo a sensacional matéria em sua integra: http://glamurama.uol.com.br/regine-choukroun-a-rainha-dos-clubes-noturnos-nas-decadas-de-70-e-80/

Régine Choukroun, a rainha dos clubes noturnos nas décadas de 70 e 80



Sinônimo de festa, glamour e ousadia, Régine Choukroun imperou nas décadas de 1970 e 1980 com seus clubes noturnos Régine’s ao redor do mundo. Animou muito as noites do Rio, Salvador e São Paulo, multiplicando romances e até negócios.

Por Renato Fernandes para a Revista J.P de outubro de 2016

Em fevereiro de 1974, a majestade da noite de Paris Régine Choukroun aterrissa no Copacabana Palace para passar o Carnaval no Rio. Muitos bailes e samba na avenida (na época, ainda na Rio Branco). Embora não fosse a primeira, sua passagem pela cidade lhe rendeu poses para fotógrafos na Pérgula, muito bafafá, e o que poucos imaginavam: aqui, ela fez seus planos para investir no mercado brasileiro.

O poderoso editor Adolpho Bloch viria a ser seu principal padrinho. Também da colônia judaica, era ele quem comandava as grandes revistas de então, como Fatos e Fotos, Amiga e Manchete, publicação que acabou dedicando quatro páginas a Régine em março do ano de sua visita carnavalesca. Na entrevista a Manchete, a empresária – que comandava dois restaurantes em Paris, o New Jimmy’s e o Reginskaia, e o famigerado clube Régine’s – revelou detalhes de seu público, que não era fraco: “[Aristóteles] Onassis só bebe Coca-Cola e adora olhar os pés das pessoas, Marlon Brando é sofisticado, mas fingido. Brigitte Bardot não quer que o público a veja envelhecer. Sophia Loren está sempre representando um papel e faz isso muito bem”. No entanto, por de trás do glamour, ela nunca escondeu: ralava como poucas. Gostava de trabalhar na noite, se considerava notívaga, e nunca viajava de férias, apenas a trabalho. “Criar um clube é como criar um verdadeiro bebê. É preciso conceber, alimentar, vigiar e manter em boa temperatura”, disse ela em sua biografia Régine, Me Chame pelo Meu Nome.

Uma coisa é certa: em 1976, lança seus primeiros bebês internacionais: os Régine’s do Rio e de Salvador, ambos em sociedade com a rede hoteleira Le Meridien. No contrato, em que ela entrava com o nome, know-how, decoração e marketing, constava até quantas noites por ano ela deveria estar presente nas casas. Os sócios entravam com o capital. A especialista acompanhava tudo com rédeas curtas, cuidava pessoalmente da lista dos convidados e até dos serviços de cada garçom – ela inventou o cinzeiro no centro da mesa, com água por baixo, para que eles pudessem trabalhar mais, não tendo que trocar cinzeiros a cada instante. Até patenteou a ideia e se deu bem. Tinha entre seus amigos astros e estrelas. Sinônimo de noitada inesquecível era quando as pessoas recebiam convite com sua assinatura feita à mão, seguida por um “até breve”, como se despedia.

Do Limão à Caipirinha

Nascida em Bruxelas, filha de judeus poloneses, refugiada de guerra, conheceu pouco a mãe, que foi morar na Argentina. Seu pai, Joseph, narigudo, grandalhão e galanteador, foi quem ficou com Régine e seu irmão, Maurice. O vício em carteado acabou não permitindo que Joseph cuidasse dos filhos, que acabaram passando parte da infância em pensionatos.

Sonhava em ser princesa e estrela e conseguiu mais. Foi rainha da noite e também brilhou no palco, cantando. Vendeu milhões de discos e ganhou o importante prêmio francês Grand Prix du Disque.

Perfeccionista e com fama de exigente, pegava pesado no batente, em torno de 16 a 18 horas por dia, tudo para não passar as agruras do passado novamente: “Faço parte da raça das pessoas fortes, porque me fabriquei assim. Sofri muito quando criança, sofri com a guerra e decidi ser forte”, disse ela na entrevista da Manchete. “Paguei adiantado o meu preço de tristezas”, concluiu.

Aos 13 anos, perdeu a virgindade. Sempre pareceu ser mais velha do que era e fazia questão desse visual. Quando usava um penteado, levantava o cabelo alguns centímetros para isso. Sempre gostou de roupas esfuziantes, mesmo quando só podia tê-las na imaginação. Strass e boás era com ela mesmo. Aos 16, fez um pacto com a felicidade e a liberdade. Maridos, dois, filho, apenas um, Lionel. Do segundo marido, Roger, ganhou o sobrenome com o qual ficou famosa: Choukroun. Muitos a conhecem pelo sobrenome do pai: Régine Zylberberg.


Rio, Panteras e Fofocas

No Rio, em 1976, sua casa já era das mais badaladas. Situada no subsolo do hotel Le Meridien, no Leme, teve em diferentes momentos colaboradores como Danuza Leão, Katia Vitta e Claude Amaral Peixoto. Suas noites eram disputadas. A manequim Jane Bezerra relembra Régine a J.P: “Simpática, ela sempre chegava acompanhada de muitos amigos. Era uma mulher de negócios e suas festas de Carnaval no Rio ou em Salvador eram um escândalo. Fui em muitas”.

A loira de então, Monique Lafond era outra que gostava do Régine’s. Em 1981, bombando na capa da Playboy e na novela Coração Alado, de Janete Clair, era para lá que ela ia se divertir. “Todos iam. Artistas, alta sociedade e jet setters. Me lembro que, certa noite, saindo de lá o Chiquinho Scarpa me pediu uma carona. Ao entrar no meu carro, perguntou se era um Fusca e eu disse que sim. Ele me falou: ‘Não acredito, Monique Lafond tem um Fusca e eu estou andando de Fusca pela primeira vez’”, lembra Monique.

Outra loira que arrasava quarteirões era Vera Gimenez: “Lembro bem das noites da primavera e dos bailes de Carnaval que Régine produzia no clube. O mais interessante é que havia noites em que um lado da boate era o mais bacana, e ou outro não. Tínhamos de descobrir em qual iríamos ficar. A Lauretta [modelo], que trabalhou com ela, que inventou isso”, recorda Vera. A atriz Rose Di Primo emenda: “O Régine’s era tudo de bom. Era sempre lá e no Hippopotamus”. Foi na boate em questão que ela começou seu romance com Pedro Aguinaga, considerado o homem mais bonito do Brasil na época.

Entre outros frequentadores: Antonio Guerreiro com Ionita Salles Pinto e depois, com Sandra Bréa; Marlene Silva e o francês Alain Delon. As panteras do Ibrahim também adoravam o clube. Algumas festas de Carnaval não suportavam o tamanho da casa e Régine transferia a farra para o Canecão, caso da Le Cirque Fantastique, que recebeu gente como Joan Collins, Ursula Andress, Jane Birkin e Omar Sharif.


Régine, sempre profissional, nunca engoliu o prato preferido de alguns do high, os boatos e os mexericos. “A fofoca correu solta quando instalei como diretora do meu clube no Rio uma francesa magnífica… e negra! Ser recebida por uma pessoa negra era muito careta para certos cariocas. Mas ver essa pessoa recusar uma mesa ou mesmo a entrada, surpreendeu muitíssimo”, Régine fala de Lauretta da Martinica, que foi um dos ícones da casa e hoje mora em Paraty.

Guerra de Champanhe

Em janeiro de 1981, a revista Playboy com Denise Dumont na capa trazia a chamada “Ricardo Amaral x Régine, o Duelo dos Reis da Noite”, se referindo aos donos das boates mais importantes da época, Régine’s e Hippopotamus. A guerra borbulhante estava declarada. Em sua biografia Vaudeville: Memórias, Ricardo Amaral cita a concorrente mais de 15 vezes, algumas delas chamando-a de Tia Régine. Existe ainda uma reportagem na qual ele teria comparado a rede da belga, que chegou a ter 18 unidades ao redor do mundo, inclusive em Nova York, ao McDonald’s. A guerra entre os dois era fato e até saiu do território brasileiro, pois Amaral já conquistava Paris em ritmo de batucada com o Le 78, na Champs-Élysées.

Segundo o jornalista Geraldo Mayrink, os Matarazzo, os Scarpa, os Lacerda Soares, os Monteiro de Carvalho, os Gouthier, os Mendes Caldeira sempre estavam em um ou outro. “O Jorginho Guinle era o único que conseguia estar em ambos ao mesmo tempo”, escreveu ele certa vez.

O Régine’s paulista foi inaugurado em março de 1981 e o sócio era o empresário boa-pinta Naji Nahas. O investimento foi de US$ 3 milhões. Na festança de abertura da casa, um batalhão de famosos internacionais: Alain Delon, Mireille Darc, Ugo Tognazzi e Omar Sharif, amigo pessoal de Régine e Nahas. A boate era situada na avenida Faria Lima, mas desde o início passou por uma série de problemas, inclusive de zoneamento. Foi lá que a primeira-dama Dulce Figueiredo rodopiou nas pistas nos braços de Omar Sharif e as fotos pipocaram por toda a imprensa. Muita gente ia ao Régine’s, mas ele não vingou na noite paulistana como na carioca. “Não me lembro de ter ido ao Régine’s em SP e o clube estar lotado. O Gallery, da mesma época, era imbatível”, diz a advogada Maria Virginia Frizzo, que ia com a amiga Maria Leopoldina Splendore, filha de Maria Stella, ex-mulher do costureiro Dener. Maria Leopoldina ia vestida com criações do pai e pedia leite para tomar.

Derrocada

O RP da casa, Ovadia Saadia, trabalhou na filial paulistana do começo ao fim, no dia 14 de agosto de 1986. “Régine era uma dama de aço, com uma força espiritual intensa. Na noite de inauguração, fui fotografá-la dançando com Ugo Tognazzi e, no momento em que cliquei a foto, ela olhou firme em direção à lente e a câmera quebrou!”, ele conta. E se alguns diziam que o Régine’s paulista era cafona, Saadia rebate: “Era um lugar à frente de seu tempo”.

Lá, Julio Iglesias cantou com Amelita Baltar. Guncho Maciel era o promoter, e noites marcantes não faltaram. Certa vez, Chiquinho Scarpa chegou montado num tigre. O fato de a casa ter vários ambientes talvez fosse uma das razões do fracasso. “Você sai para ver e ser visto e isso impedia os que gostavam disso. Alguns colunistas massacravam a casa, e o Gallery reinava”, explica Saadia a J.P.

A promoter Vera Muller foi uma das responsáveis pela lista de convidados nos últimos suspiros da casa paulistana. A do Rio fechou em 1983 e reabriu de 1984 a 1987, mas quem frequentou lembra com mais saudade a primeira fase. “Régine tem mil vidas em uma. Sempre foi metida, insuportável e… fascinante”, completa Saadia.

Depois de sua passagem pelo Brasil, Régine viveu momentos marcantes, como a perda de sua coroa de majestade na noite, o falecimento de seu filho Lionel e a separação do segundo marido, Roger Choukroun. Viveu noites sem glamour, fez alguns procedimentos no rosto e hoje voltou a ser respeitada como cantora na França. Alguns ousam dizer que ela sonha em fazer um grande show no Rio e outro em São Paulo, e, se assim o for, fica aqui o desejo. Até breve, Régine."

Abaixo a capa da Revista Playboy de 1981 com uma matéria sobre a rivalidade dos reis da noite.


Outra matéria muito legal sobre o antológico Regine´s é a extraída do blog de  Alcyr Cavalcanti, abaixo transcrita em sua integralidade:

"REGINE'S: ONDE A NOITE ERA UMA FESTA




A boate Regine's ficava no subsolo do Hotel Méridien no Leme, Zona Sul do Rio de Janeiro. De inicio era um clube privée, o charme era ter uma carteirinha de sócio para poder frequentar a mais bela casa noturna que a cidade maravilhosa veio a conhecer. O jet-set nacional e internacional batia ponto de segunda a segunda na época da disco-music com o som inigualável de Amandio ou de Ferrugem, que manejavam as carrapetas para animar a festa. A noite fervilhava, eram os anos setenta, e muita alegria, garrafas e mais garrafas de Veuve Cliquot e de Moet et Chandon eram consumidas pela juventude dourada em festas que pereciam não ter fim. Mas veio um dia, ou melhor uma noite em que a casa caiu. Claudia Lessin Rodrigues, uma linda jovem povoada de sonhos foi brutalmente seviciada e assassinada em uma noite de embalo, que havia começado no Regine's em julho de 1976.


A bela jovem e seus acompanhantes eram frequentadores de carteirinha do Clube Privée. Claudia, fascinada pela alegria artificial foi levada para uma festa na Avenida Niemayer, onde o consumo de cocaína e outros estimulantes eram servidos "de bandeja". Seus acompanhantes eram figuras da noite internacional, Daniel Labelle sócio de Gunther Sachs Von Opel na Boutique Mic Mac na França, Georges Khour dono de um salão de beleza no Hotel Méridien e Michel Frank dono dos relógios Mondaine com sede na Suíça. Conheci Daniel Labelle em uma festa chinesa na casa de Ionita Guinle, que foi casada com Carlos Penafiel, perseguido pela ditadura, meu companheiro no Grupo Câmera de cinema. Na festa só havia dois jornalistas convidados, Rogério Carneiro e eu. Labelle era sempre convidado para festas das socialites do circuito Rio, São Paulo, Búzios, quando foi intimado a depor, voltou rapidamente para a França, Michel conseguiu ir para Suíça, mas Georges Khour foi preso e condenado embora as provas não fossem conclusivas. O laudo cadavérico foi mudado, havia muita gente fina envolvida e Claudia além de ter sido esganada, e seviciada foi atirada como um saco de lixo nas pedras da Avenida Niemayer, após a tentativa de jogá-la no mar. O corpo ficou preso nas pedras próximo ao Chapéu dos Pescadores, um platô frequentado por pescadores do Vidigal e da Rocinha. Eu trabalhava no Globo, estava no plantão da madrugada, todos os fotógrafos faziam um rodizio, exceto alguns "amigos de copo" do editor. Fui o primeiro a chegar, bombeiros estavam tentando tirar o corpo preso às pedras. Com o tempo a investigação chegou até o ponto inicial, a boate Regine's. A promoter da "boite de nuit" era a modelo Lauretta, de prestigio internacional, que tinha como uma das funções trazer pessoas de seu relacionamento para o Regine's. Era uma época em que os paraísos artificiais eram movidos à base de muita cocaína, um privilegio dos mais contemplados pela fortuna. A entrada maciça do "diabo ralado" ainda não havia acontecido, era um privilegio dos muito ricos. O "Caso Claudia Lessin" abalou as estruturas da maior e mais seleta casa noturna da cidade, a policia suspeitava da casa ser também um ponto de venda de drogas. Era necessário fazer alguma coisa, havia muito dinheiro envolvido, além do prestigio abalado, o Hotel era famoso em todo o mundo, pertencia também à companhia aérea Air France. Começou então a época de grandes atrações internacionais, para de novo fazer a noite do Regine's brilhar."


Na foto Cláudia Lessin Rodrigues assassinada em 1977 pelo empresário suíço Michel Frank, um milionário suíço-brasileiro supostamente envolvido com o tráfico de drogas. Acusado do crime, Michel fugiu para a Suíça, onde foi morto a tiros em 1989, sem nunca ter sido julgado. Segundo as investigações a noitada que acabou com a morte de Claudia começou no Regine´s.

Embora a morte de Cláudia Lessin tenha sido muito comentada na época, tal episódio não conseguiu ofuscar o brilho da boate e de sua dona.

Embora tenha se notabilizado por sua absoluta capacidade empresarial, a mesma também fez sucesso como atriz, cantora, escritora e etc.

Uma musica que muita gente andou escutando por aqui e nem imaginava que era da mesma foi a versão em francês da antológica I Will Survive. Regine fez a versão em francês com o nome Je Suvivrai, de 1979. Abaixo a capa do disco e o vídeo da musica.


A musica foi relançada em 2009 na coletânea Régine Duet´s.



https://youtu.be/jhFU16MEtR4


Uma vida devotada a arte e a noite.



domingo, 23 de outubro de 2016

  1. Em uma sala de aula, um professor discute sobre a personalidade de Hitler através de uma carta diplomática enviada ao então presidente dos Estados Unidos Roosevelt. Na carta, Hitler evoca para si, através do pronome "eu", todos os feitos conseguidos na Alemanha pré segunda guerra mundial. Se todos tivessem o discernimento ao analisar as entrelinhas do comportamento humano, teria constatado de imediato que Hitler era um ególatra, ou seja, ele cultuava seu ego de forma patológi...ca, um verdadeiro egocentrismo tosco que demonstrava que o mesmo era na verdade um sociopata de carteirinha. Todas as vezes que vemos políticos se auto proclamarem o centro do poder, deixando de lado o fato de que ele é apenas um empregado da sociedade pago com dinheiro do contribuinte, encontramos novamente a figura do ególatra. No Brasil tivemos um grande exemplo que foi o Lula. Mentiroso compulsivo, egocêntrico visceral, achava que era um verdadeiro Luiz XIV, ou seja, o Estado sou eu. Seu filho em uma dos rompantes de absolutismos tupiniquim, afirmou que seu pai, o tal operário, era o dono do Brasil. Winston Churchill afirmou em certa ocasião que se Hitler tivesse morrido em 1938 ele seria considerado um dos maiores estadistas da Europa. Claro que tal comentário foi equivocado, pois ele, Winston Churchill não tinha conhecimento das atrocidades do austríaco maluco. Então fica mais uma lição da história, não precisamos de estadistas, precisamos de alguém que sirva o povo e não que o povo seja servo de alguém.

domingo, 9 de outubro de 2016

Um disco que há algum tempo ando a procura, mas já encontrei, é o LP "Bahia" do grupo brasileiro Alice Street Gang, de 1976. Prensado pela Amazon Records, Top Tape, produzido pelo maestro e arranjador Daniel Alberto Salinas, mistura o ritmo da disco dos anos 70 com clássico da musica brasileira, como é o caso da musica de abertura ‘Also Sprach Zarathustra’ uma fusão com ‘Bahia’, clássico de Ary Barroso. Por fim, o nome Alice Street Gang’ trata-se do endereço do estúdio da Ama...zon Records, na Rua Alice, do bairro das Laranjeiras, Rio de Janeiro, onde o grupo tocou. Vamos em frente. No play list temos; Also Sprach Zarathustra, Bahia, It's Now Or Never, Copacabana, Flamengo, Chove Chuva, Mas Que Nada, I'll Never Fall In Love Again, White Wings e Brazilian Hustle. Pra quem nunca escutou pensa logo que essas musicas foram feitas por gringos, porém enganadíssimos, tudo by Brazil. Um bom domingo a todos e para aqueles que querem dar uma escutadinha nessa perola fica aqui Also Sprach Zarathustra: https://youtu.be/KRgq30MoEmo




sábado, 17 de setembro de 2016

O mês de setembro foi marcado na história pelo insano 11 de setembro, evento esse que a comunidade ocidental tomou absoluta noção do que seria o terrorismo. Farsa ou não, aquele incidente fez aparecer de forma clara e objetiva o fantasma que começou a ser gestado na década de 50 pelos norte-americanos. Muitos se perguntam porque esse ódio tão grande, quais as raízes dessa guerra virulenta que sem sobra de duvidas aterroriza o mundo ocidental ? Todas essas perguntas por incrív...el que pareça possuem suas respostas, embora tais respostas sejam omitidas e traduzem perfeitamente o grande erro da politica externa norma américa pós-segunda guerra mundial. Muita gente não sabe, mais os Estados Unidos da América, através da CIA, foi responsável em 1953 pelo golpe que derrubou o governo democrático do Mohamed Mossadegh. A partir de então o Irá foi vitima da ditaduta do Xá Mohamed Reza, um regime de tirania que desaguou em 1979 na revolução Islâmica que colocou no poder uma teocracia ferozmente antiamericana, defensora do terrorismo como meio de ação do Estado. A Operação Ajaz, como fora batizado o golpe organizado pela CIA, deu inicio a escalada de ódio virulento que hoje se materializa pelo terrorismo. Para vocês terem uma ideia, Mohamed Mossadeg era uma figura tão conhecida que em 1951 foi considerado o Homem do Ano pela revista Time, coisa muito difícil de acontecer levando-se em consideração que naquele época existiam figuras como Harry Truman, Dwinght Eisenhower e Winston Chruchill. Deixo aqui esse registro para que todos saibam que nada acontece por acaso, tudo tem um começo, meio e fim, e acima de tudo, as nações e pessoas que desconhecem a história estão fadadas a repetir os seu erros. Desconhecer a história é uma das coisas mais perigosas para o mundo, por isso que a educação é a uma chave para o sucesso de nosso planeta. Um bom sábado a todos.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Falando em Black Music, uma das bandas mais cultuadas no senário nacional da black music é a banda BLACK RIO, formada pela união de duas outras bandas, Impacto 8 e Abolição, essa banda, segundo os críticos do segmento, fez o disco mais cultuado da musica black brasileira. Maria Fumaça, de 1977. Maria Fumaça é um álbum com uma mistura de Soul, Samba, Funk e alguns outros ritmos. O álbum é considerado um clássico da música brasileira e o melhor da banda. Foi incluído na lista dos 100 maiores discos da música brasileira pela Rolling Stone Brasil. Chegando ao 38° lugar.
FAIXAS:
Maria Fumaça (Oberdan / Luis Carlos)
Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso)
Mr Funky Samba (Jamil Joanes)
Caminho da Roça (Oberdan / Barroso)
Metalúrgica (Cláudio Stevenson / Cristóvão Bastos)
Baião (Luis Gonzaga / Humberto Teixeira)
Casa Forte (Edu Lobo)
Leblon Via Vaz Lobo (Oberdan)
Urubu Malandro (Lourival de Carvalho "Louro" / João de Barro)
Junia (Jamil Joanes)
MÚSICOS:
Oberdan Magalhaes (saxofone)
Lucio J da Silva (trombone)
Barrosinho (trompete)
Jamil Joanes (baixo)
Claudio Stevenson (violão/guitarra)
Cristovao Bastos (teclados/piano elétrico)
Luis Carlos Santos (bateria/percussão)




quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Os governos que se baseiam em mitos, sempre descambaram para o autoritarismo e para o fascismo. Na história temos uma série de exemplos no sentido de que o poder concentrado nãos mãos de um ou de uns acaba sempre em desgraça. Maior exemplo de século 20 foi a Alemanha sob o jugo do nazismo. Para Simon Winder, autor da obra "Germania", as gerações pós guerra da Alemanha receberam uma terrível legado que até hoje faz com que cada alemão carregue em seu coração a vergonha de ter... se curvado a um só homem. Para que ninguém esqueça, isso é lembrando todos os dias na cidade em que o "líder" alemão nasceu. Lá existe uma grande pedra com a seguinte frase: "FÜR FRIEDEN FREIHET, UND DEMOKRATIE, NIE WIEDER FASCHISMS, MILIONEN TOTE MAHNEN" - "PELA PAZ, PELA LIBERDADE E PELA DEMOCRACIA. FASCISMO NUNCA MAIS. OS MILHÕES DE MORTOS NÃO NOS DEIXARÃO ESQUECER". Espero que tenhamos também a maturidade suficiente para aprender com nossos erros e não achar que um só homem ou um só partido politico é mais importante que uma nação.






Falando um pouco de musica, assunto que priorizo pelas bandas de cá, acordei pensando em uma musica que sem a menor duvida, qualquer um que escutar vai entende o que é musica eletrônica. Musica eletrônica, falar sobre esse estilo logicamente nos remete para o Kraftwerk e seus acordes robotizados e cibernéticos que vem atravessando décadas sem se tornar velho e ultrapassado, sempre atual. Apesar de muitos grupos terem sido influenciado pelo quarteto de Dusseldorf, até hoje, e ...isso é meu comentário, ninguém foi tão perfeito e próximo deles do que a banda Camouflage. A banda alemão de synth-pop em 1989 lançou o LP "Methods Of Silence" e juntamente com o long play veio dois singles com as musicas "Love Is A Shield", musica essa que fez muito sucesso pelas bandas de cá e "One Fine Day", que segundo a crítica seria o carro chefe do disco. Porém, muita gente nem imagina que o filé do filé estava escondido em uma bônus track no single da musica "One Fine Day". Naquele single o Camulflge fez uma pequena homenagem ao Kraftwerk com a musica "Kling Klang", musica essa que não fez parte do referido LP, que, para os ouvidos mais apurados não teria duvida ao escutar pela primeira vez que aquela musica não poderia ser de ninguém, salvo do Kraftwerk. Pra quem não sabe, Kling Klang é o nome do estúdio da banda Kraftwerk. Deixo aqui para vocês conferirem a capa do single e dita musica. https://youtu.be/ucEOeB9a0mI

domingo, 4 de setembro de 2016

Para finalizar The Hornets - “I Can’t Believe” (US, States 127, 78 RPM, 1953). US$ 20.000 é o que custa uma cópia original deste raro álbum desse obscuro grupo americano de soul music.

Em penúltimo lugar The Five Sharps - “Stormy Weather” (US, Jubilee 5104, 78 RPM, 1953). Um dos discos mais raros do mundo. Não se sabe ao certo quantas cópias existem, mas supõe-se que não passem de três ou quatro, avaliadas em US$ 25.000 cada.

O oitavo lugar vai para o rei Elvis Presley - Stay Away, Joe (US, RCA Victor UNRM-9408, 1967). Raríssimo álbum promocional de Elvis, com canções da trilha sonora do filme homônimo, em apenas um dos lados do vinil. Se você tiver 25.000 dólares sobrando pode tentar encarar, porém para o seu governo, quem tem essa raridade não vende, não troca, não faz nada..

A sétima posição vai para o Velvet Underground & Nico – The Velvet Underground and Nico (US Album Acetate, in plain sleeve, 1966). Prensagem teste do disco de estreia do Velvet Underground, com takes alternativos das faixas que foram para a versão final do álbum. Vale 25.200 dólares. Dizem que Paul McCartney possui um desses em casa.

Sexta posição vai para o single de Frank Wilson – “Do I Love You?” (Tamla Motown, US 7” 45 RPM in plain sleeve, 1965). Existem apenas três cópias desse single de estréia de Wilson, produtor da Motown nos anos 1960, e cada uma está avaliada em US$ 30.000.

Em quinto lugar vai para os amantes do blue. Long Cleve Reed & Little Harvey Hull – “Original Stack O’Lee Blues” (Black Patti, US 78 RPM in plain sleeve, 1927). Um dos primeiros blues prensados, que, além de extremamente raro, possui um enorme valor histórico. Pra quem estiver interessado em comprar essa preciosidade, caso encontre para vender é claro, deverá desembolsar no mínimo 30.000 dólares.

Voltando a nossa postagem sobre os discos mais caros do mundo. Na quarta posição Bob Dylan – The Freewheelin’ Bob Dylan (CBS, US album, stereo 1963). Misteriosamente, quatro faixas desse segundo disco de Mr Zimmermann foram retiradas das edições posteriores do álbum, razão pela qual a primeira prensagem vale uma grana exorbitante (US$ 35.000 pra ser mais exato) entre os colecionadores mundo afora.

Em terceiro lugar, mais uma vez tem The Beatles no meio. The Beatles – Yesterday and Today (Capitol, US Album, 1966). A rara edição com a famosa capa de açougueiro, com os Beatles posando com bonecas decapitadas e cobertos de pedaços de carne crua. O valor máximo já pago foi de 38.500 dólares, mas os preços variam entre US$ 150 e US$ 7.500, dependendo do estado de conservação.

Em segundo lugar: The Quarrymen – “That’ll Be the Day”/”In Spite Of All The Danger” (UK 78 RPM, Acetate in plain sleeve, 1958). Apenas uma cópia desse single dos Quarrymen, banda pré-Beatles que contava com John Lennon, Paul McCartney e George Harrison, foi prensada. Esse é o motivo de ela custar US$ 180.000. Um coisa que nunca vocês irão saber é quem desembolsou toda essa grana para comprar esse disco. E tem gente reclamando de pagar 50 reais por um disco de vinil.


Um dia desses um amigo me perguntou qual o disco mais caro que já comprei. Tal pergunta obviamente não tive como responder, porém veio em minha mente qual seria o disco mais caro do mundo ? Então amigos preparem-se para saber os 10 discos que para você ter em sua coleção você vai ter que desembolsar uma boa grana. Então vamos lá, em primeiríssimo lugar John Lennon & Yoko Ono – Double Fantasy (Geffen US Album, 1980). Autografado por Lennon cinco horas antes de Mark David Chapman assassinar o ex-Beatle. O valor? A bagatela de US$ 525.000.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Vamos falar de Seu Osvaldo, o primeiro disque joquei do Brasil. Nos anos 50 os bailes tinham conotações que iam de certa forma além da própria música. No caso dos bailes da cidade de São Paulo era em seus salões que a comunidade negra se reunia em uma espécie de encontro manifesto. Nestes locais além de dançar, seus frequentadores reinvindicavam, falavam sobre as mudanças na sociedade da época e impunham até estilos de vida e vestimentas. Com sua orquestra invisível, seu Osvaldo levou a população negra, que tinha pouco poder aquisitivo, aos grandes clubes, em bailes que geralmente aconteciam aos domingos por estarem fechados, tudo por amor a profissão que ele mesmo acabara de criar.



domingo, 28 de agosto de 2016

Outra referencia muito importante de musica eletrônica é o Vangelis. Imortalizado no filme o "Caçador de Androído", ou "Blade Runner", de 1982, muita gente jamais tinha escutado pelas bandas de cá esse sensacional musico. Vale lembrar que nesse tempo a internet era um sonho ainda muito distante e o acesso a esse tipo musica somente através de discos importados. Voltando ao Vangelis, muita gente nem imagina, mas o Vangelis não é um grupo, coisa que até mesmo eu imaginei até pe...squisar, mas sim do compositor grego Evángelos Odysséas Papathanassíu, reduzidamente chamado de Vangelis. Autoditada desde os 4 anos, Vangelis começou sua carreira tocando piano, sendo que após longos anos passou a difundir os estilos neoclássico, progressivo e, por fim, da música eletrônica. Suas musicas de tão viajantes que são, serviram de trilha sonora para vários filmes, valendo destacar Chariots of Fire (Carruagens de Fogo), Blade Runner, Cristóvão Colombo, 1492: 1492 - Cristóvão Colombo) e alguns outros. Escutar Vangelis sempre foi uma forma muita diferente de escutar musica. Suas melodias são um verdadeiro tranquilizante para o corpo e para alma. Nas fotos o cartaz do filme Blade Runner e o link da musica mais conhecida no compositor, Love Theme - Blade Runner.

Não sendo muito obsequioso, mas acho necessário mostrar aos amantes da musica eletrônica que ela não se resume suas subdivisões do house music, como é o caso do deep, eletro, tech e outras mais. Pra quem curte mesmo musica eletrônica, indispensável é ter contato com artísticas como Jean Michael Jarre, Vangelis, Tangene Dream, Popol Vuh, Cetu Javu, e alguns outros. Falemos primeiramente do francês Jean Michael Jarre. Compositor francês de musica eletrônica e new age, Jarre lan...çou seu primeiro disco em 1976 o qual foi gravado em um studio de fundo de quintal. Para um disco com um custo baixo como esse, Oxygene vendeu 12 milhões de cópias, sendo que, até 2004, Jarre já tinha vendido aproximadamente 80 milhões de álbuns, entre todos que até então produziu. Uma curiosidade é que ele foi o primeiro músico ocidental a ser autorizado a realizar um show na República Popular da China, e detém o recorde mundial para a maior público num evento ao ar livre. Na fato a capa do primeiro disco de Jean Michael Jarré.


Verdadeiramente a musica eletrônica e outros estilos musicais, como era o caso do rock progressivo, não seriam nada sem o sintetizador Moog, aquela criação de Robert Moog. Todos se utilizavam de uma versão reduzida desse equipamento, ou seja, o MiniMoog, Rick Wakeman, Pink Ployd, Genesis, ninguém escapava, porém o maior destaque era para Emerson, Lake and Palmer que utilizava um monstrão da Moog, que inclusive foi apelidado de monster Moog. Na foto Keith Emerson com seu monstrão.

Ninguém imaginava o quanto a musica eletrônica seria um marco importante para musica clássica, principalmente nas mãos de Wendy Carlos que sozinho soava como uma orquestra cibernética. Mas o que pensar do Brasil na década de 60 envolvido com a musica eletrônica. Muita gente nem imagina, mas tivemos por aqui no inicio dos anos 60, o carioca Jorge Antunes com duas grandes obras de arte da musica eletrônica. "Pequena Peça para mi bequadro e Harmônico", de 1961 e " Valsa Sideral"... de 1962 marcam o inusitado inicio da era da musica eletrônica no Brasil. Em "valsa Sideral", você pensa que está escutando a trilha sonora daqueles filmes de ficção cientifica trash, uma coisa muito legal de escutar e de conferir no link abaixo: https://youtu.be/LumjSbyFP9I. Em 1993 Antunes lançou o CD "Música Eletroacústica - Período Do Pioneirismo", pela gravadora Academia Brasileira de Musica. Nesse disco, entre as faixas, estão as duas primeira produções de musica eletrônica nacional.

Outra que muita gente não sabe é que Wendy Carlos, esse mesmo da Switched-On Bach, foi o compositor da trilha sonora de nada menos o antológico filme de Stanley Kubrick's "A Clockwork Orange", ou seja, Laranja Mecânica. Só para lembrar, escutem a musica "Funeral Of Queen Mary". https://youtu.be/YABw-ksikLA…. Uma bela obra com acorde de musica clássica feito totalmente com sintetizadores.


Depois que Raymond Scott e Robert Moog, criadores das máquinas mais importantes da musica eletrônica, surge uma das obras mais importantes ou mais especificamente a grande primeira obra desse novo tipo de musica. Walter Carlos, que depois virou Wandy Carlos (transexual), lançou a obra Switched-On Bach, que nada mais nada menos era composições de Johann Sebastian Bach com o sintetizado Moog de primeira geração. Esse disco foi gravado em 1968 Columbia Records.

Em um ritmo alucinante de novas tendências, a musica eletrônica de Detroit, totalmente influenciada pelo Kraftwerk e o house music de Chigado, carregado de influência da disco, se juntam e daí surge uma das primeira produções do house music com uma pegada bem eletrônica típica da rapaziada de Dusseldor. Your Love (1987) do genial Frankie Knucles é um dos grande exemplos dessa simbiose sonora.
https://youtu.be/H-8zQoo61ek
Mas as coisas não param por ai, a partir de então, com o Planet Rock sendo estopim para uma verdadeira revolução, a batida beat fazia o pano de fundo para novas tendências e produções, como o exemplo do freestyle, representados pelo Noel (Silent morning) e Shannon ('Let The Music Play'). Mas a porrada seca veio do grupo Cybotron com um synthpop, olha aparecendo os conceitos diferentes, "Techno City" de 1984. Essa musica foi considerada o marco zero para outro estilo de musica eletrônica, ali nascia o TECHNO.

Loucuras a parte, mas como dito pelo rapper Afrika Bambaataa, o Kraftwerk "era uma porra de um negócio estranho. Uma porra dum negócio mecânico doido e funkeado". As batidas eletrônicas invadiram o cenário negro norte americano de tal forma que Bambaataa ao lançar em 1982 o disco "Planet Rock" meteu o Kraftwerk na faixa central do disco. "Planet Rock" tinha a melodia da musica do Kraftwerk do disco Trans-Europe-Express. Bambaataa com essa musica conseguiu modificar todo um modelo utilizado até então pelo ainda jovem hip hop, pois este ainda se utilizava da disco para fazer suas musicas. Por outro lado, o conceito musical estabelecido pelo Kraftwerk criou uma nova estética para o cinema, para o vídeo game e etc., assim nascia o termo conhecido como eletro. Nas fotos os discos acima indicados.