segunda-feira, 23 de novembro de 2020

 Esse negócio de apelido é um caso sério, eu mesmo tive uns apelidos meios escrotos, sendo que um deles me persegue até os dias de hoje, porém não estou aqui para falar de mim, estou aqui para falar dos nossos amados políticos. Certa vez estava lendo um livro de história do Brasil e eis que me deparo com o apelido do presidente Castelo Branco, "Quasimodo", putz, passei horas imaginando aquele personagem do livro Notre-Dame de Paris, da autoria de Victor Hugo. Ainda que outrora o primeiro presidente do regime militar fosse um cara feio pra porra, não conseguia detectar a semelhança com o corcunda de olho torto da obra de Victor Hugo. Apesar de grande malabarismo intelectual não consegui encontrar a semelhança. Passados alguns anos tive a oportunidade de comprar um livro muito legal chamado "Guia Politicamente Incorreto dos Presidentes da República" e eis que novamente me defronto com o apelido do Castelo Branco, acrescido de mais um "Cearense". Eis que comecei a imaginar o Castelo Branco, corcunda, com o olho torto, igual daquele pilantra do Nestor Cerveró, e cabeça chata. Não consegui imaginar esse ser, porém, depois de ler o livro acima, consegui entender a razão do apelido, pois Paulo Schmit metaforicamente explicou o porquê do apelido de Quasimodo. Eis que ele diz sobre o nosso personagem: "Com a morte de Castelo Branco, a humanidade perdeu pouca coisa, ou melhor, perdeu coisa alguma. Com o ex-presidente, desapareceu um homem frio, impiedoso, vingativo, implacável, desumano, calculista, ressentido, cruel, frustrado, sem grandeza, sem nobreza, seco por dentro e por fora, com coração que era um verdadeiro deserto do saara." Ou seja, Castelo Branco era um Quasimodo por dentro.






quarta-feira, 18 de novembro de 2020

 Uma das características marcantes do Studio 54 era a grande frequência de artistas muito famosos. A seguir uma serie de fotos de frequentadores ilustres da boate. Começando pela atriz e cantora Eartha Kitt e sua filha Kitt MacDonald. Pra quem não sabe Eartha Kitt fez a inesquecível personagem "Mulher Gato" na série Batman de 1967.


 Na foto Steve Rubell era quem fazia a parte social da discoteca, virou o rei da noite de Nova York. Segundo os funcionários que trabalharam com ele no night club, ele era uma pessoa doce, diferente do gay desprezível e bebado retratado no filme Studio 54. Morreu em 25 de Julho de 1989, vítima da AIDS.



 Vocês já pararam para pensar qual o clube mais famoso do mundo ? Segundo o New York Times e a Rolling Stone esse lugar fica na antiga Alemanha Oriental, especificamente em Berlim, na confluência de dois bairros Kreuzberg e Friedrichshain. Segundo as revistas especializadas, esse lugar é a reencarnação de um clube chamado "Ostgut" que funcionou entre 1998 e 2003. Dizem alguns que esse dito "Ostgut" teve uma festa de despedida de 30 horas. Pois bem, o clube mais famoso do mundo é o estranho BERGHAIN. O clube mais difícil de se entrar no mundo, localizado no endereço acima informado, fica instalado em uma antiga usina de energia e possui o maior sistema de som Funktion-One do mundo, que segundo os especialista é o som mais porrada até então concebido. No clube o som que rola é totalmente techno a noite inteira, sempre com a apresentação de vários dj´s. Para entrar nesse negócio primeiramente nem pensar em ir com roupa muito sofistica, turistas não são bem vindos, pois a casa prefere o público alemão, sem contar que existe um crivo na porta que é o relações públicas da casa chamado Sven Marquardt , o cara é chato pra caralho e via de regra barra todo mundo ou deixa as pessoas entrarem somente 3 horas depois da casa abrir sua postas, por isso, se você ousar ir por lá te prepara para ficar em uma fila pelo menos umas três horas sem a certeza que vai entrar, na verdade a sua possibilidade de entrar é somente 10%. O clube foi fechado em 20 de abril de 2020, como consequência da pandemia COVID-19 e não tem data para reabrir. Na foro o porteiro filho da puta que barra todo mundo, a fachada e a pista de dança .









 Confesso que gosto muito das interpretações do Leonardo Di Caprio, entre as quais a que ele interpreta o milionário e excêntrico Howard Hughes no filme "O Aviador" de 2005. Acho que nos Estados Unidos da América não existiu figura mais polêmica do que esse cara. Maluco de carteirinha, coisa que vocês, caso assistam o filme, vão perceber de cara, o sujeito tinha uma mente funcionando em 220 vinte e quatro horas por dia. Conhecido por suas extravagâncias, era uma porrada de coisa ao mesmo tempo, aviador, engenheiro aeronáutico, industrial, produtor de cinema, diretor cinematográfico e milionário. Foi ele que contratou Lockheed Corporation para desenvolver o antológico avião comercial Constellation. Hughes era maluco pra porra, tinha mania de limpeza, lavava as mão umas duzentas vezes por dia, além do que, pouco se importava com o que os outros falavam dele, andava de smoking ou de terno e gravata, mas sempre de tênis nos pés. Era também meio que o comedor mor das beldades de Hollywood, dizendo alguns que ele só perdeu o posto para o Frank Sinatra. Entre tantas que passaram por sua mão a indiscutivelmente mais cobiçada era a atriz Ava Gardner. Mulher de temperamento meio que dramático, sempre que tinha um discussão com Hughes, coisa que acontecia todos os dias, ela pegava o carro e deixava ele sozinho. Contam alguns, e isso infelizmente não está no filme, que certa vez ele já puto da vida com a mania dela de deixa-lo sozinho, mandou desparafusar todas as peças do carro da beldade, quando ela ligou o carro e pisou no acelerado o carango se desmontou todo. Entre as maluquices desse doido, que diga-se de passagem não foram poucas, uma delas foi construir um avião para 750 pessoas. O tal avião custou 1 milhão de dólares na época, levantou voo uma única vez e nunca mais funcionou. O filme é muito bom e índico para os amigos que gostam de uma história boa fruto da mais pura realidade.






 Na foto o "homem na lua". Era uma enorme lua com uma colher de cocaína, que decorava a discoteca. Como naquela época, as pessoas consumiam drogas como se escovassem os dentes, era algo considerado normal.






terça-feira, 17 de novembro de 2020

 Se alguém na década de 70 poderia ser chamado de "O Cara", esse seria sem sombra de duvidas Marc Bernecke, pois era ele que escolhia quem entrava ou não no Studio 54. Na foto ele passando os panos na galera para escolher quem seria o sortudo da noite. Segundo alguns diziam, ele tinha uma memoria fotográfica e sabia de todo mundo que entrava, tanto que, barrava aqueles que se aventuravam a querer entrar toda semana na boate.






 Pra quem assistiu o filme, deve ter notado a personagem de uma septagenária que passava a noite toda dançando e cheirando cocaína, comportamento que resultou na morte da dita em plena pista de dança da casa noturna. Tal personagem parece brincadeira, porém ela existiu realmente e se chamava Sally Lippman e tinha 77 anos na época. A vovó da discoteca ficou conhecida Sally Disco, aparecendo em jornais e revistas de Nova York. Na foto a velhinha mais louca dos anos 70.









 Muita gente já ouviu falar na lendária boate Studio 54, localizada em Manhattan em Nova York, mas poucos sabem o porque desse nome. Inaugurada em 26 de abril de 1977, com endereço na 254 W 54th St, teve esse nome bolado por seu idealizados e proprietário Steve Rubell e foi chamada assim porque antes funcionava no mesmo local o estúdio da gravadora CBS. Abaixo a foto da disputadíssima cabine de som comandada pelo Dj Richie Kaczo e um fly da boate.






 Diana Ross, a eterna diva da Motown tinha lançado seu ultra, mega álbum "The Boss", o qual foi composto e produzidos pela dupla Nicholas Ashford e Valerie Simpson, marido e mulher, contudo, em razão das mudanças impostas pelo movimento anti-disco, tudo precisava mudar e a diva precisava de algo novo, de algo que ultrapassasse as fronteira norte-americanas. Então Suzanne de Passe, presidente da Motown Production, resolveu fazer diferente, mudando os velhos conceitos musicais, resolveu chamar os integrantes do Chic para produzir o novo disco da diva. Nile Rodger em um bate papo descontraído, perguntou a Diana Ross: fale-nos sobre você ? O que se passa na sua cabeça ? O que realmente faz o seu coração disparar? Então Diana respondeu se forma singela: Estou ansiosa para virar meu mundo de cabeça para baixo ! Foi assim que surgiu a ideia do grande sucesso "Upside Down". Além de "Upside Down", Nile Rodgers e Bernard Edwards produziram entre outras "I'm Coming Out" e "My Old Piano". Abaixo as capas dos singles das musicas.






 Em 1979 a cultura disco recebeu seu primeiro golpe com a famosa Noite da Destruição da Disco. Em Chicago um DJ fanático por rock foi demitido de uma rádio por ter se recusado a tocar disco e deu o ponta-pé no movimento chamado "Disco Sucks" (a disco é uma droga). A partir de então a era disco começou a ser contestada e vários discos foram quebrados e queimados, entrando assim em uma espiral de repudio da sociedade americana. A bem da verdade tal movimento tinha como pano de fundo a contestação do sucesso que a disco vinha fazendo, pois era musica de gays e negros, em contrapartida do rock´n ´roll que era musica de branco. Tal movimento foi tão nocivo que até mesmo as pessoas da indústria da disco estavam evitando qualquer tipo de vinculo, fazendo com que os grupos que faziam sucesso passassem a pensar melhor em suas produções artísticas. Na foto a manifestação em prol da destruição dos discos e uma camisa que já dizia tudo. "Disco" musica de preto e gay, racismo puro.







sábado, 14 de novembro de 2020

 Hoje, sábado, vamos falar um pouco de um estilo de música que gosto muito, o jazz. A bem da verdade, a trajetória desse estilo musical ao longo dos tempos, desde 1917 com o lançamento do primeiro disco de jazz através da banda The Original Dixieland Jass, sempre teve grandes barreiras protagonizadas por uma das coisas mais odiosas que o ser humano pode criar, o racismo. Certamente não é difícil de entender como uma música criada eminentemente por negro tinha sua dificuldade de ser difundida em uma “América branca” se é que pode se dizer que isso existe. Ainda que o racismo tenha sido uma verdadeira pedra no caminho do jazz, isso efetivamente não conseguiu ofuscar esse estilo musical, salvo por algumas situações especificas, como é o caso da cantora Bessie Smith. Considerada a imperatriz do jazz, Bassie sofreu em 1937 um acidente de carro e morreu sem receber socorro, haja vista que o hospital era somente para brancos. Segundo os críticos Bassie era considerada a maior cantora de jazz de seu tempo, sua morte prematura quando ainda tinha 38 de idade foi um golpe muito grande para aos amantes desse estilo. A completa falta de logica nas leis racistas americanas chamadas leis "Jim Crow", que impunham a segregação racial no sul dos Estados Unidos, acabavam por criar situações inusitadas. Ainda que o jazz fosse tocado essencialmente por negro, esse estilo começou a cair no gosto dos brancos, principalmente em razão de um indivíduo chamado Johnny Hammon que nada mais, nada menos criou a orquestra do Benny Goodman, Count Basie,, lançou Ella Fitzgerald e etc, foi ele também que insistia em desrespeitar as tais leis de Jim Crow com a ideia de que brancos e negros tocasse nos mesmo clubes. Fato engraçado é que em alguns clubes de jazz negros eram proibidos de entrar, em que pese os músicos que tocavam eram todos negros. Ou seja, o negro tocava, mais não podia frequentar. Na foto o cartaz sobre o personagem Jim Crow e a foto de Bassie Smith.







 Muita gente nem imagina que o primeiro disco de jazz foi gravado no mesmo ano do primeiro disco de samba. Em 1917 a Columbia Records de Nova York lançava o primeiro disco de jazz através da banda The Original Dixieland Jass, com as faixas Darktown Strutte´s Ball e Indiana, disco em 78 rotações, enquanto isso no Brasil no mesmo mês Ernesto dos Santos, o Donga, lança a musica 'Pelo Telefone", através da gravadora Casa Edison do Rio de Janeiro, o primeiro samba gravado em um disco. Apesar de procurar muito esse disco do Donga, jamais consegui encontra-lo. Na foto o primeíssimo disco da Jazz e a prensagem do primeira samba já pela gravadora Odeon.








sexta-feira, 13 de novembro de 2020

 Tenho muitos amigos que gostam muito do estilo denominado Italo House, por favor não confundir com Euro House, mas queria saber dessa galera se eles sabem que é Severo Lombardoni, o cara da foto aí. Então fica a pergunta, vocês sabem que é essa figura intimamente envolvida com esse estilo de musica ?



Severino Lombardoni foi simplesmente o pai da Italo House. Severo ou Severino, foi o fundador da gravadora DiscoMagic, pioneiro da Italo disco music no início de 1980. Foi um dos principais produtores italo disco na Itália, criando também várias sub-rótulos para promover diferentes gêneros musicais, tais como: "Time Records", "DWA", "raro" e "GGM". Ou seja, sem esse cara vocês jamais iriam escutar Italo House hoje em dia. Só para fechar, Severino foi o cara que produziu as seguintes musicas e grupos: Ryan Paris, “Dolce Vita”, 1983, P. Lion, “Happy Children”, 1983, Savage, “Don't cry tonight”, 1985, Lee Marrow "Shanghai", 1985, Lee Marrow "Sayonara", 1987, Lee Marrow "Don't Stop The Music" 1988, Savage, “So Close”, 1990, Sabrina Salerno, “Yeah Yeah”, Joe Yellow, “I'm Your Lover”, Den Harrow, “A Taste Of Love, To Meet Me”, Gary Low, “You Are a Danger”. Tá bom para vocês amantes do Italo House ou querem mais ? A última dele é que assim como Tom Molton criou o disco de 12 ", ou 12 Inch single, Severino foi o primeiro produtor na Europa, Itália mais especificamente a lanças discos de compilações de house. Se vocês não sabem, na década de 80 vocês somente tocavam com House Remix 1 por ideia dele incorporada por outras gravadoras. Um grande sábado e vamos embora.


Falar em Italo House e não falar da gravadora ZYX é uma verdadeira injustiça. Assim como a DiscoMagic, a ZYX teve um papel determinante no Italo House, denominação essa que diga-se de passagem foi criada pelo seu proprietário Bernhard Mikulski, que já faleceu em 1997. Muita gente nem imagina, mas a ZYX Music foi umas das gravadoras mais bem sucedidas nos anos 80 e 90, detendo o registro de uma incrível variedade gêneros, incluindo techno , electro , hip hop , funk , rock e pop . É quase impossível alguém tocar no estilo Italo e Euro House sem tocar com um disco da ZYX.









Falando em gravadora ZYX, lembrei de seu expoente máximo. O duo Bass Bumper. O fodástico dueto formado por Henning Reith e Caba Kroll fizeram os anos 90 estremecer. Iniciando sua epopeia musical no Euro Music, o Bass Bampes estreou em 1990 com o single "Can't Stop Dancing" com o vocal da cantora Nana. Na foto o mix francês lançado pela gravadora (fundo amarelo) Cerrere e o alemão pela ZYX. Se voces escutarem bem o som do baixo (instrumento) no inicio dessa musica vocês vão lembrar o inicio da musica no New Order "Fine Time" de 1988. Será que não rolou uma chupada aí ? https://youtu.be/rMP6DGZkagU





Em março de 1991 o Bass Bumber lança a sua maior obra, o som que lançou o dueto no mundo e que fez com que eles fosses tocadas nas 10, das 10 casas noturnas no mundo. "Get The Big Bass" até hoje faz parte do play list de muito dj por aí, inclusive aqueles da nova geração de dj´s. Nesse single o vocal é de E.Mello. O som é bombástico sempre. https://youtu.be/O101HYqarcM



Aproveitando para relembrar do Bass Bumper, em 1992 o dueto lança o single "The Music´s Got Me", com o vocal de E. Mello e Felicia. Na verdade essa foi a primeira musica do dueto que eu escutei. A musica é muito foda. https://youtu.be/b2ynJeMHGgQ





Em outubro de 1992 o Bass Bumper lança mais uma pedrada nos ouvidos da galera. A dueto explode no mundo, do Brasil ao Japão, anos 90 é Bass Bumper. "Move To The Rhythm" foi o grande exemplo de diferença entre o Euro House e o Italo House. https://youtu.be/ClyyKUmrL6A



E por vai, o Bass Bumper gravou seu último single em 2001 pela gravadora espanhola Blanco Y Negro. The Music Turns Me On não emplacou, pois aí o mundo já tinha mudado de rota, novos produtores, com novas tendências e novos conceitos. Quem estiver afim de matar de uma porrada só todas as musicas do bass bumper é só comprar a compilação lançada em 2004 pela gravadora alemã Silver Star, sendo que, tal compilação saiu somente em cd. Na foto o possível último single e a compilação.






 Como é do conhecimento de todos, existe uma grande, enorme quantidade de livros que falam sobre a segunda guerra, sobre o genocídio dos judeus, campos de concentração e etc.. Obviamente que grande parte desses livros somente foram escritos após a segunda guerra mundial, até porque, a história deveria acontecer para depois ser contada. Porém, procurando nos sebos algum livro interessante, me deparei com a obra chamada "O Judeu Internacional - o primeiro problema do mundo", escrita em 1920 por Henry Ford. Para muitos que não sabem, Henry Ford era um anti-semita feroz, fora justamente este livro que Adolf Hitler retirou os fundamentos retóricos do antissemitismo pregado em sua obra Mein Kampf. Por muitos anos, Henry Ford fora considerado um expoente para a Alemanha Nazista, chegando a ser condecorado com a Grande Cruz da Águia Alemã, a maior condecoração que podia receber um estrangeiro simpatizante do regime nazista. Além da ajuda econômica, Ford contribuiu muito com o genocídios dos judeus, assim como Thomas J. Watson, o então CEO da IBM. Sem a colaboração e contribuição de Henry Ford e de outras grandes empresas americanas e alemãs como a IBM, a General Motors, a BMW a VW, Hugo Boss a Coca-Cola a Nestlé e muitas outras, a causa nazista e a segunda guerra não teriam sido possíveis.




quarta-feira, 4 de novembro de 2020

 Nasci na década de 60, época bastante interessante em todos os sentidos, mas também uma época que não se precisava dopar ninguém para levar para cama. A bem da verdade os tempos passaram e a sociedade regrediu bastante. Tenho isso em mente a partir de algumas histórias narradas por seus protagonistas que demonstram bem o estilo de vida de cada época. Entre as várias e infindáveis leituras que tive acesso para escrever um livro, não posso deixar de comentar sobre a biografia espetacular do icônico Jorge Guinle. Em determinado capitulo de sua biografia ele conta a história quando foi pela primeira vez aos Estados Unidos. Morava na Europa e já se ensaiavam os primeiro movimentos da segunda guerra, a Itália já sob a batuta do maluco do Mussolini invadira a Albânia, movimento esse que alertou o pai do nosso personagem indicando que era hora de sair do Velho Mundo. Embora seu pai tivesse sugerido que ele voltasse para o Brasil, Guinle foi para Nova York. Chegando na New Amsterdam, antigo nome de New York, Guinle foi apresentado por um amigo a seu primeiro affair do mundo artístico, eis que ele tinha seu primeiro encontro com uma estrela, que naqueles tempos era chamado de "date". Eis que Jorginho conhecia a estonteante, segundo ele mesmo, Maria Montez. Ele com sua verve de notívago inveterado afirmava o seguinte: "se tem coisa boa era namorar uma estrela, pois você chega no lugar, ganha a melhor mesa, servem com a maior deferência, você vira o centro das atenções". Mas nem tudo era fácil. Naqueles tempos o ponto central em Nova York era um hotel chamado Barbizon For Mem, ali era o local onde residiam as primeiras grandes modelos. Local inventado por John Robert Power, pessoa essa que abriu a primeira agencia de modelos nos Estados Unidos. O tal hotel não admitia a presença de homens, por essa razão os candidatos ao coração das beldades que ali residiam tinham que ter além de muita paciência, uma coisa chamada criatividade. Como as moças tinham certas limitações em seu direito de ir e vir, os namoros aconteciam nos bancos de trás dos taxis que ficavam circulando indefinidamente em volta do Central Park. Via de regra o negócio ficava somente no beijinho. Mas nem tudo era assim, pelo menos em algum dia da semana as moças tinham o direito de sair para se tivertir e o point naqueles tempos era um night-club, denominação que foi posteriormente foi alterada para boite, sim voltando, chamado El Marroco, de propriedade de uma carinha chamado de John Perona. Fui fazer uma pesquisa sobre esse cara e eis que me deparo com o homem mais importante da noite de Nova York nos anos 30 e 40. Perona era um verdadeiro hostess, recebia seis clientes ilustres na porta de seu empreendimento. Tinha um circulo de amizade invejável, entre os quais Salvador Dali. Dali, segundo o conceito de todos que o conheciam, era considerado "maluco", adjetivo esse que ele mesmo discordava fazendo a seguinte afirmação: "A diferença entre um maluco e eu é que eu não sou maluco." Histórias ou estórias a parte, não posso deixar de falar no verdadeiro maluco que existia nesse antológico local de diversão das beldades de Nova York, o nome dele era Corino, o maítre. Ele além de ser uma porta de acapú, de tão grosso, era como se fosse o segurança das beldades que ali frequentavam, ninguém ousava passar dos limites sob pena de ser defenestrado da boate pelo tal Corino. Dizem alguns, que ele era tão respeitado e nada acontecia sem sua anuência que chegou a fazer 1 milhão de dólares somente em gorjetas. Ficaria aqui escrevendo dezenas de páginas sobre esse assunto, mas o local não é apropriado. Na foto nosso personagem com sua companhia no El Morroco.




domingo, 1 de novembro de 2020

 O Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, mas nem sempre foi assim, se é que é. Quem realmente meteu o bicho foi um cara chamado Pereira Passos. Esse carinha foi prefeito do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no período de 1902 e 1906, então nomeado pelo presidente Rodrigues Alves. Mas vocês devem estar se perguntado: o que tem haver o tal Pereira Passos com a história da noite ? A resposta é: mais do que vocês imaginam. Pereira Passos, juntamente com Lauro Müller, Paulo de Frontin e Francisco Bicalho, promoveu uma grande reforma urbanística na cidade, tudo com o objetivo de transformá-la numa capital nos moldes franceses, conforme as ideias do Barão Haussaman, então prefeito de Paris. Pereira Passos fez tanta reforma no Rio de Janeiro que sua gestão foi jocosamente chamada de "Bota-abaixo". O cara saiu demolido tudo, até morro o cara demoliu. Mas entre os grandes feitos do Pereira Passos o mais relevante para nossa história foi o lançamento em 1903 do concurso para apresentação de um projeto para construção do Teatro Municipal. Os vencedores do projeto foram os arquitetos Oliveira Passos e Albert Guilbert. A obra deveria se parecer com a Opera de Paris, sendo concluída sua construção em 1909 e inaugurado por Nilo Peçanha. na realidade o que nos interessa não é o Teatro Municipal em si, mas sim o restaurante que ficava no subsolo que somente foi aberto ao público em 1911. O restaurante Assyrio foi o ponto de inflexão da noite carioca a partir de 1915. Lá, grandes bailes foram realizados, festas de carnaval, exibição de grandes nomes do meio artístico musical, como era o casa do Pixinguinha. O bar era um verdadeiro palácio Egípcio. Para não ficar muito grande, conto pra vocês em outra postagem a história desse excepcional local. Nas fotos, Pereira Passos, o Teatro Municipal e o restaurante Assyrio.












 Falado na República, não podemos esquecer de um dos últimos momento da monarquia brasileira, o famoso Baile da Ilha Fiscal, protagonizado por D. Pedro II em homenagem aos oficiais do navio chileno Almirante Cochrane. Pode se dizer que essa festança foi o último suspiro da monarquia, pois seis dias depois eis que era proclamada a República. O último baile do império, como até hoje é chamado, foi um legitimo bota-fora protagonizado pela corte de D. Pedro II, foram consumidos pelos 4,5 mil convidados nada menos que: 800 kg de camarão, 300 frangos, 500 perus, 64 faisões, 1.200 latas de aspargos, 20.000 sanduíches, 14.000 sorvetes, 2.900 pratos de doces, 10.000 litros de cerveja, 304 caixas de vinhos, champagne e bebidas diversas. Isso que é uma festa. Pois bem, até hoje os historiadores debatem sobre a motivação para tanta gastança, uns dizem que na realidade o baile foi para comemorar as bodas de prata da princesa Isabel e do conde d´Eu, outros dizem que foi apenas para demonstração de poder do império, sendo que se foi essa última hipótese, acho que não deu certo, pois logo depois a monarquia levou o farelo. Um último detalhe dessa gastança toda, é que dos 4,5 mil convidados, somente 500 iriam participar do jantar. Na foto o cardápio do dito baile. Quem for ao Rio de Janeiro pode conhecer o local em que se realizou o tal baile, o passeio custa R$ 25,00 (vinte e cinco reais).







 Dando continuidade as minhas postagens sobre a história da noite, faço uma pergunta: qual a relação existente entre bonde, boemia e república ? Parece que nenhuma, porém essa afirmação é um ledo engano. Inicialmente deve se ter em mente que a boemia no Rio de Janeiro somente teve início com a organização do transporte coletivo, ou seja, os velhos bondes, aqueles ainda puxados à cavalo. Tanto é verdade tal afirmativa, que os primeiros teatros foram construídos justamente no local de chegada e partida dos ditos bondes. No Rio de Janeiro, esse local era denominado Largo do Rosário, posteriormente rebatizado de Praça Tiradentes. Pois bem, os bondes demoravam tanto que a rapaziada ficava por lá de bobeira até iniciar os espetáculos, essa espera acabou por fazer proliferar os bares e cafés instalados as proximidades dos teatros, local esse que rapidamente caiu nas graças de intelectuais, jornalistas, artistas de teatro, médicos, advogados políticos e etc. Essa mistura de atores sociais, com alto poder explosivo, é que originou os primeiros debates políticos que acabaram por resultar na abolição da escravatura e na proclamação da República. Na foto o antigo Largo do Rosário.