quarta-feira, 4 de novembro de 2020

 Nasci na década de 60, época bastante interessante em todos os sentidos, mas também uma época que não se precisava dopar ninguém para levar para cama. A bem da verdade os tempos passaram e a sociedade regrediu bastante. Tenho isso em mente a partir de algumas histórias narradas por seus protagonistas que demonstram bem o estilo de vida de cada época. Entre as várias e infindáveis leituras que tive acesso para escrever um livro, não posso deixar de comentar sobre a biografia espetacular do icônico Jorge Guinle. Em determinado capitulo de sua biografia ele conta a história quando foi pela primeira vez aos Estados Unidos. Morava na Europa e já se ensaiavam os primeiro movimentos da segunda guerra, a Itália já sob a batuta do maluco do Mussolini invadira a Albânia, movimento esse que alertou o pai do nosso personagem indicando que era hora de sair do Velho Mundo. Embora seu pai tivesse sugerido que ele voltasse para o Brasil, Guinle foi para Nova York. Chegando na New Amsterdam, antigo nome de New York, Guinle foi apresentado por um amigo a seu primeiro affair do mundo artístico, eis que ele tinha seu primeiro encontro com uma estrela, que naqueles tempos era chamado de "date". Eis que Jorginho conhecia a estonteante, segundo ele mesmo, Maria Montez. Ele com sua verve de notívago inveterado afirmava o seguinte: "se tem coisa boa era namorar uma estrela, pois você chega no lugar, ganha a melhor mesa, servem com a maior deferência, você vira o centro das atenções". Mas nem tudo era fácil. Naqueles tempos o ponto central em Nova York era um hotel chamado Barbizon For Mem, ali era o local onde residiam as primeiras grandes modelos. Local inventado por John Robert Power, pessoa essa que abriu a primeira agencia de modelos nos Estados Unidos. O tal hotel não admitia a presença de homens, por essa razão os candidatos ao coração das beldades que ali residiam tinham que ter além de muita paciência, uma coisa chamada criatividade. Como as moças tinham certas limitações em seu direito de ir e vir, os namoros aconteciam nos bancos de trás dos taxis que ficavam circulando indefinidamente em volta do Central Park. Via de regra o negócio ficava somente no beijinho. Mas nem tudo era assim, pelo menos em algum dia da semana as moças tinham o direito de sair para se tivertir e o point naqueles tempos era um night-club, denominação que foi posteriormente foi alterada para boite, sim voltando, chamado El Marroco, de propriedade de uma carinha chamado de John Perona. Fui fazer uma pesquisa sobre esse cara e eis que me deparo com o homem mais importante da noite de Nova York nos anos 30 e 40. Perona era um verdadeiro hostess, recebia seis clientes ilustres na porta de seu empreendimento. Tinha um circulo de amizade invejável, entre os quais Salvador Dali. Dali, segundo o conceito de todos que o conheciam, era considerado "maluco", adjetivo esse que ele mesmo discordava fazendo a seguinte afirmação: "A diferença entre um maluco e eu é que eu não sou maluco." Histórias ou estórias a parte, não posso deixar de falar no verdadeiro maluco que existia nesse antológico local de diversão das beldades de Nova York, o nome dele era Corino, o maítre. Ele além de ser uma porta de acapú, de tão grosso, era como se fosse o segurança das beldades que ali frequentavam, ninguém ousava passar dos limites sob pena de ser defenestrado da boate pelo tal Corino. Dizem alguns, que ele era tão respeitado e nada acontecia sem sua anuência que chegou a fazer 1 milhão de dólares somente em gorjetas. Ficaria aqui escrevendo dezenas de páginas sobre esse assunto, mas o local não é apropriado. Na foto nosso personagem com sua companhia no El Morroco.




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