sábado, 31 de outubro de 2020

 Para aqueles que me conhecem muito bem, sabem o quanto eu sou amante da noite, um notívago inveterado que iniciou suas andanças pelas noites de Belém em meados dos anos 70, mais especificamente em 1978, quando tinha meus 12 anos de idade. Mas sim, em razão dessa vocação de andarilho noturno, cheguei a ser testemunha de muitas coisas, vi muitas casas noturnas abrirem e fecharem suas portas, vi talentosos artistas serem esquecidos ou mesmo desprezados, assim como personalidades dotadas de uma mediocridade impar serem ovacionados até os dias de hoje. Premido por uma batalha incessante com o tempo, que via de regra nos faz apagar de nossa memoria lembranças de muitos momentos vividos, resolvi escrever um livro sobre a noite de Belém. Essa difícil e árdua tarefa me fez ver que não é tão fácil materializar alguns sonho, pois a realidade que nos defrontamos não é tão cheia de glamour como imaginamos. Depois de mais de uma década, o livro não saiu, haja vista que, na condição de um escritor que conta história e não estórias, seria obrigado a adentrar em caminhos que por certo me trariam uma infinidade de inimigos, coisa que não gosto. Em que pese tudo isso, cheguei a escrever várias dezenas de páginas, coletar algumas milhares de fotos, conversar com uma ou duas centenas de pessoas que efetivamente conheciam a história como ela realmente foi. Tudo isso, obviamente, me fez ser portador de um grande acervo de informações que a partir de hoje irei compartilhar com todos os amigos que me acompanham aqui nas redes sociais. Embora o tema central de minhas pesquisar fosse as noites de Belém do Pará, tive que regredir muito no tempo e no espaço para contextualizar o fenômeno da cultura noturna, uma história que começa exatamente quando o nosso dileto príncipe regente coloca os seu pés em 1808 na então cidade do Rio de Janeiro. D. João VI e sua corte vieram corridas da Europa em razão das tropas de Napoleão. Junto com D. João IV, sua mãe D. Maria (A Louca), sua esposa Carlota Joaquina e mais 15 mil parasitas que viviam as custas da corte portuguesa. Eis que aqui é o inicio de tudo. D. João VI, como príncipe gerente, abriu os portos brasileiros para nações amigas (diga-se Ingraterra) e a elevação do Rio de Janeiro à condição de primeira capital de um império europeu fora da Europa. Foi a partir daí, repete-se, que o Rio de Janeiro inicia a cultura no divertimento, com a abertura dos salões para difusão da musica, da dança e do prazer. Na foto D. João e a corte portuguesa na entrada da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, onde houve missa comemorativa pela chegada da família real ao Rio. Óleo sobre tela do século XX (Crédito: Armando Martins Viana/Museu da Cidade, Rio de Janeiro)




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