domingo, 25 de outubro de 2020

 Como tudo tem duas faces, o drama e a comédia são espíritos do mesmo corpo, assim como Dom Quixote, de Miguel Cervantes e "O Incrível Exército de Brancaleone" de Mario Monicelli. Todos os enredos tratam de forma dramática e cômica a ilusão como pano de fundo. Enquanto Dom Quitoxe lutava contra os moinhos de vento, Brancaleone brandia sua espada na tentativa de se passar por um cavaleiro para se apossar do feudo de Aurocastro. Uma luta, sem luta, uma história em uma estória, nada real, tudo fantasia vindo das mentes inventivas daqueles que fazem da desgraça, ou melhor, da peste, fome e guerra que marcava a crise do século XIV, os grandes vilões daqueles tempos. Tempos passam, mas a ilusão e a mentira continua ser a arma de muitos, ou melhor dos covardes como dito por Henrique Gondim. Para Helio Gurovitz "no meio digital, já está claro há anos que a mentira tem pernas mais longas que a verdade" principalmente na arte de fazer política, a mentira está diretamente ligada a política como o gelo a água. Quando se fala em mentiras, cibernéticas ou virtual, o agente propagador da falsa verdade está apostando no ingrediente básico, a alienação, ou melhor, na incapacidade do receptor analisar de forma critica aquilo que está sendo divulgado, contudo, para nosso desespero, nossa combalida sociedade é permeada, muito permeada, diga-se de passagem, pelos agentes alienantes. Ao longo dos anos, muitos regimes trabalharam a mentida de tal forma que ela se tornou uma das, se não a peça principal do sistema de manipulação, muito mentira é dita, de forma indisfarçável, gritante e descarada e isso sem duvida é justamente para pegar os incautos e desavisados. Quando alguém vai a público falar que não crê em Deus, e mais tarde se posta em uma igreja como se praticante fosse, quando o individuo com vários processos se alto intitula honesto, quando se disfarça, ou se faz de conta que o passado público e notório não existiu, tudo isso é a face mais descarada da mentira, pronta para pegar o descuidado. Li recentemente uma passagem de uma amigo dizendo para que não se escrevessem textos grandes, para sermos diretos, isso reflete bem a psique no brasileiro, não leia, apenas escute, não pense, deixe os outros pensarem por você, repita a mantra, reverbere a mentida até que ele se torne verdade, faça do Dom Quixote e do Brancaleone se tornarem reais, isso que eles querem, de ambos os lados, que você torne a fantasia que eles pregam em realidade, é isso, apenas isso que eles pretendem.

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