Depois de ler pela terceira vez o livro do Ricardo Amaral (Voudeville), passei a me interessar ainda mais pela vida noturna, não por acaso, grande parte de minha vida era desperdiçada nas noites não dormidas. Minha mãe puta da vida com essa história de adolescente metido a notivago dizia, "gostas tanto da noite que vou de arrumar um emprego de guarda-noturno". Porra nenhum, ela queria mesmo era que eu fosse qualquer coisa, menos vagabundo, pois bem, seus sonhos se tornaram realidade, virei um advogado. Mas essa postagem não é para falar de mim, mas sim da noite e em especial do Rio de Janeiro. Lendo o livro com o jocoso titulo "Enquanto Houver Champanhe, Há Esperança", escrito por Joaquim Ferreira dos Santos, o qual faz uma biografia de Zózimo Braúlio Barroso do Amaral, ele não se furta em falar um pouco, ou melhor, muito do que rolou nas noites cariocas. Em determinada passagem, o livro fala de Joaquim Rolla, o cara que em uma mesa de baralho ganhou uma parte do Cassino da Urca. A jogatina rolava solta no Rio e com isso a noite carioca era um paraíso para os notivagos e para a economia, segundo consta, a jogatina empregava mais de 30 mil pessoas, mas como tudo que é bom acaba, em 1946 com a publicação do decreto-lei 9 215, de 30 de abril de 1946, assinado pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, a jogatina era extinta sob o argumento de que "o jogo é degradante para o ser humano". Dutra torpedeou a noite carioca, pois sem cassino, não tinha grana, sem grana não tinha show´s, sem show´s não tinha para onde os endinheirados se bandeiar nas noitadas. Com isso, formou-se uma legião de zumbis andarilhos nas noites cariosas sem ter para onde ir. Para salvação dos "walkind Dead da década de 40", em 1947 abrem-se as portas da boate Vogue, no terreo do Hotel Vogue, em Copacabana, local que se tornou ponto de convergência de todo o "high society" carioca. Com dois ambientes, um mais elevado reservado para os realmente endinheirados e o outro denominado de "sibéria", ou seja, um espécie de geladeira em que era destinado os quase, ou mais ou menos ricos daqueles tempos. O Vogue teve uma importância muito grande para as noites do Rio, pois a partir dele que o hábito de jantar fora tomou conta da sociedade carioca. Com uma inovação de restaurante e boate, os ricaços não precisavam mais dar a tal "esticada" no meio da noite, tudo poderia ser feito no mesmo lugar. Tal ideia, ou seja, esse mix, fora do austriaco Miximiliam von Stuckart, ex-funcionário do Copacabana Palace que conhecia mais do que ninguém o riscado das noites e das novidades, juntamente a ele, estava o chef russo Gregorie Berezansky, que nada mais, nada menos lançou o modismo gastronômico no Rio, sendo os idealizadores dos tão famosos pratos chamado e conhecido por todos como estrogonofe e do frango à Kiev. Foi por conta do Vogue que nasceu também do carioca comer feijoada nos sábados, pratica essa imitada por Ricardo Amaral e que se tornou um dos mais famosos eventos do empresário. Foi ali no Vogue que também surgiu o pianista austríaco Sacha Rubin, que posteriormente abriu sua boate chamada Sacha´s. A boate encerrou suas atividade de forma trágica, pois em 1955 houve um incêndio encerrando as atividades de um dos empreendimento mais emblemáticos das noites cariocas. Nas fotos a pista de dança lotada, a elegantíssima Nara Leão e o incêndio ocorrido em 1955. E como dizia o impagável Ibrahim Sued: "Ademã que eu vou em frente".