sábado, 14 de agosto de 2021

 Tudo muito as claras, despudoradamente as claras, sem rodeios ou vontade de esconder o que se quer, hoje, Franz Kafka e George Orwel deram suas reviradas nos seus caixões, pois jamais pensariam que aquilo que eles escreveram respectivamente em 1925 e 1949 seria uma realidade. Isso estamos vivendo duas distopias iguais aquelas contadas nas obras de ficção batizadas de "O Processo" e "1984". Para quem não leu ambas, a primeira conta a estória do personagem Josef K, o qual é vitima de um sistema judiciário despótico. Josef K é processado sem saber o motivo, sendo perseguido sem saber as causas reais de sua perseguição. Kafka retrata o autoritarismo da Justiça que se vê com o poder nas mãos para condenar alguém, sem lhe oferecer meios de defesa, ou ao menos conhecimento das razões da punição. Uma fantasmagórica obra que deixa-nos reflexivos sobre a concentração de poder nas mãos de uma única pessoa ou grupo de pessoas que fazem o que bem entende, sem qualquer justificativa amparada pela lei. Parece mentira, mas uma realidade que se passam perante os nossos olhos nos dias atuais. De outra banda, George Orwel faz o arremate para nos deixar mais assustados ainda, com medo de que aquilo que ele escreve possa se tornar realidade. Em 1984, o pobre coitado do personagem chamado Winston Smith trabalhada para um coisa chamada de "Ministério da Verdade", lá, Smith tem como incumbência analisar tudo que é escrito e aplicar a censura que o Partido Externo estabelece para fazer um revisionismo na história. Foi nessa obra que surgiram os conceitos, como Grande Irmão, duplipensar, crime de pensamento, novilíngua, buraco da memória, Quarto 101, teletela e 2 + 2 = 5, popularizando o adjetivo orwelliano, que descreve o engano oficial, a vigilância secreta e a manipulação da história registrada por um Estado totalitário ou autoritário. Tudo parece ficção, mas, nos tempos atuais, a ficção kafkiana e orwelliana já começa a se comportar como uma realidade, começa a romper as muralhas da ficção para se tornar um monstro que certamente irá devorar a nossa sociedade. Todo cuidado é pouco, é o aviso que nossos saudosos autores deixaram para a humanidade.




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